Safra recorde de grãos, mas com preços bem aquecidos
Legenda: Lavoura de milho no norte do Paraná - Mauro Zafalon - 15.jul.2019/Folhapress
MT, que ainda planta, já comercializou 65% da safra de soja de 2021; EUA, que ainda colhe, já vendeu 82% do que vai exportar.
Brasil e Estados Unidos, dois dos principais fornecedores mundiais de grãos, divulgaram novos números de produção nesta terça-feira (10).
A safra brasileira de grãos, que ainda está sendo semeada, tem perspectivas de mais um recorde, podendo atingir 269 milhões de toneladas. A safra americana, que já está sendo colhida, apresenta queda de produtividade nesta reta final.
O Brasil vai bem na soja e deverá colher o recorde de 135 milhões de toneladas, mas os Estados Unidos terão recuo de safra para 115,5 milhões, após estimativas de até 120 milhões.
No caso do milho, os americanos, que esperavam mais de 400 milhões de toneladas, deverão ficar com 368,5 milhões. O Brasil deverá colher um volume recorde de 105 milhões.
Esses volumes são representativos, mas não o suficiente para frear o aquecimento dos preços. Os Estados Unidos, após registrarem estoques recordes de 24,7 milhões de toneladas de soja em 2018/19, durante o ápice da guerra comercial com a China, deverão terminar essa safra com apenas 5,2 milhões, um dos menores volumes da história do país.
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O governo brasileiro parou de fazer esses acompanhamento para a soja, mas os estoques brasileiros também são bastante apertados. Em Mato Grosso, principal estado produtor, pelo menos 65% da soja que está sendo semeada já não pertence mais aos produtores, devido às vendas antecipadas.
Nos Estados Unidos, onde ainda não foi terminada a colheita, 82% da soja que deverá ser exportada nesta safra já foi vendida, segundo a AgRural.
No caso do milho, os que ainda têm o cereal no Brasil5G abrind continuam sem vontade de vender. O clima não está favorável neste ano e já há sinais de perda de produtividade em algumas regiões do Sul.
Além disso, o atraso no plantio da soja pode fechar o período ideal para o cultivo do milho safrinha, que vem logo após o da soja, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.
Nos Estados Unidos, os produtores estão otimistas. A quebra de produção na Ucrânia, país que tem o mesmo calendário de plantio e de colheita dos EUA, abriu novas fronteiras para as exportações americanas.
Mais uma vez, a China será a saída para os produtos brasileiros e americanos. As importações chinesas de soja deverão atingir a marca de 100 milhões de toneladas. As de milho, sempre em volume pequeno, ganham um ritmo ainda maior nesta safra, podendo chegar a 22 milhões.
O comportamento dos preços dos produtos básicos também não deverão ser muito favorável no Brasil na safra 2020/21. Apesar do aumento de 3,2% na de área de arroz, a produtividade recua 5,1%. Com isso, o país produzirá 10,96 milhões de toneladas, abaixo da estimativa inicial de 12 milhões de toneladas.
A produção de feijão, apesar da estabilidade de área de plantio, também recua. Serão 3,1 milhões de toneladas, 3,7% menos na safra 2020/21 (Folha de S.Paulo, 11/11/20)