São Martinho/Citi: Ebita abaixo do esperado e safra 2020/21 é positiva
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do Grupo São Martinho durante o quarto trimestre do ano safra 2019/20 veio abaixo do esperado, avalia o banco Citi.
Em relatório publicado nesta terça-feira, analistas explicam que a diferença de aproximadamente 10% entre os R$ 647 milhões esperados pelo banco e os R$ 579 milhões reportados pela empresa é resultado dos preços globais de açúcar, que estão significativamente abaixo dos níveis fixados ao longo da temporada. O banco manteve a sua recomendação de compra para as ações.
Por outro lado, as projeções apresentadas pela companhia para a temporada 2020/21, que se iniciou em abril, podem surpreender positivamente, apontando para um Ebitda anual mais forte do que as estimativas atuais, afirma o Citi. De acordo com as previsões do grupo São Martinho, o Ebitda pode crescer de 4% a 5% no ano safra vigente.
Segundo os analistas do banco, essa projeção de crescimento se dá pelo avanço da posição de hedge da companhia a um preço fixado em 13,69 centavos de dólar por libra-peso, considerando que o preço do etanol permaneça estável ao longo do ano. O Citi ressalta, entretanto, que o clima pode piorar nos próximos dias e comprometer a perspectiva de moagem da safra.
Analistas do banco destacaram, ainda, os efeitos positivos do Renovabio - principal programa do governo de incentivo à produção de combustíveis renováveis - na receita da empresa, além de alterações potenciais na demanda de etanol e na paridade do biocombustível com a gasolina.
Na outra ponta, o banco pontua como principais riscos para os resultados da companhia os preços globais do açúcar abaixo do esperado e a recuperação do real. Outro ponto de atenção é o clima desfavorável, com a possibilidade de ocorrência de El Niño/El Niña, que podem impedir que os papéis atinjam o preço-alvo estimado pelo Citi, de R$ 19,40 por ação (Broadcast, 30/6/20)
São Martinho: Moagem na safra 2020/21 deve ser de 23,2 milhões de t; previsão é de mix mais açucareiro
O Grupo São Martinho espera processar cerca de 23,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2020/21. Se confirmado, o volume será 2,5% superior à moagem reportada na safra anterior, refletindo o aumento na produtividade dos canaviais, de acordo com comunicado da empresa divulgado na noite de ontem, após o fechamento do mercado.
O cenário de pandemia do novo coronavírus, que elevou o prêmio sobre o preço do açúcar em relação ao etanol, levou a companhia a aumentar o mix açucareiro da produção.
Nesse sentido, considerando um cenário de maximização da fabricação do adoçante, o volume produzido pode chegar a 1,49 milhão de toneladas, enquanto a produção do etanol ficaria em 970 milhões de litros.
Por outro lado, considerando um cenário de "max etanol", o biocombustível produzido atingiria 1,2 bilhão de litros, enquanto a produção de açúcar ficaria em 1,13 milhão de toneladas.
No comunicado, o grupo São Martinho também informou que acelerou o hedge de açúcar tanto para a safra 2020/21, como para a temporada 2021/22, em função da valorização do dólar ante o real e de oportunidades de maior demanda pelo produto brasileiro no período.
Dessa forma, após 31 de março, o volume de açúcar fixado pela companhia aumentou de 873 mil toneladas para 1,09 milhão de toneladas, a um preço médio fixado equivalente a R$ 1.319 por tonelada. Já para a próxima temporada, 260 mil toneladas de açúcar foram fixadas a um preço de R$ 1.449 por tonelada, de acordo com a empresa.
Já em relação ao etanol, diante da queda expressiva na demanda e nos preços, a empresa decidiu armazenar parte do estoque do biocombustível para comercializar a preços mais atrativos nos próximos meses. A companhia também comentou sobre o movimento de recuperação observado no setor de combustíveis, com o afrouxamento das medidas de isolamento social a partir de abril.
Segundo o grupo São Martinho, "a depender do ritmo de retomada da economia e da estabilização do preço do petróleo, há uma possibilidade de um cenário mais favorável para os preços de etanol ao longo da safra", diz a companhia (Broadcast, 30/6/20)