Se clima ajudar, estoque interno de alimentos sobe 162% no ano

LOGO CONAB- PORTAL DO AGRONEGOCIO - REPRODUÇÃO
Após um 2024 ruim, sobra de alimentos pode atingir 11,2 milhões de toneladas.
Em um ano de elevação dos preços internacionais da alimentação e de forte pressão desse setor na inflação, os estoques finais brasileiros de alimentos devem subir 162% neste ano, em relação ao anterior.
Pelo menos é o que indicam estimativas atuais, com base em uma safra recorde de grãos que, em boa parte, ainda depende das condições climáticas dos próximos meses para ser concretizada.
Os números são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), mas os estoques finais — volume que sobra de uma safra para outra— não se referem ao total de grãos nas mãos do órgão governamental, mas de todo o mercado.
A safra 2023/24 foi uma das mais apertadas na sobra de grãos. Os estoques finais caíram para 4,28 milhões de toneladas, somando os cinco principais produtos brasileiros (arroz, feijão, milho, trigo e soja). Em 2024/25, esse volume sobe para 11,2 milhões.
Alguns números já estão praticamente consolidados, como o do arroz. Após uma safra ruim em 2024, as estimativas para a atual são de 12,1 milhões de toneladas, a maior em oito anos e 14% superior à anterior.
O estoque final da safra 2023/24, que para este cereal terminou no final de fevereiro deste ano, ficou em apenas 393 mil toneladas. Com a safra atual, o volume sobe para 1,4 milhão, um aumento de 256%.
Os números do arroz são bons, mas a confirmação desse estoque vai depender muito do mercado internacional, que definirá volume a ser exportado e a ser importado pelo Brasil. O ano safra do arroz termina em fevereiro de 2026.
Preços internacionais do cereal, que estão mais favoráveis para a importação, serão importantes nessa definição. Internamente, o comportamento do dólar também influencia. Uma cotação elevada da moeda americana levará mais arroz brasileiro para o mercado externo.
Os estoques finais de feijão, que terminaram dezembro de 2024 em 198 mil toneladas, deverão subir para 322 mil neste final de ano. A primeira safra da leguminosa, já colhida, foi boa, mas a segunda e a terceira ainda dependem de clima e de preços que incentivem o plantio pelos produtores.
O milho, um dos principais problemas do país no momento, devido à queda dos estoques finais da safra 2023/24 para apenas 2 milhões de toneladas, deverá ter uma sobra do cereal 177% maior na safra 2024/25.
A concretização desse volume depende de uma série de fatores. O principal é a confirmação da produção do país em 123 milhões de toneladas nesta safra. A safrinha ainda está sendo semeada, e este é um período de risco, principalmente devido ao clima.
Exportações e importações também vão influenciar nesse estoque final de milho previsto para janeiro de 2026, quando termina a safra 2024/25. A estimativa da Conab é de uma sobra de 5,54 milhões de toneladas. Em safras anteriores, chegou a até 15 milhões.
O cenário do trigo melhora, com estimativas de aumento de 92% nos estoques, que sobem para 1,74 milhão de toneladas. A efetivação desse volume, porém, depende da intenção de plantio do produtor, do clima e dos preços.
Os estoques de passagem da soja, devido à produção recorde, deverão atingir 2,24 milhões de toneladas em dezembro, um volume 185% acima do de igual mês de 2024, segundo a Conab. A safra está prevista em 167,4 milhões de toneladas, e 60% da área semeada já foi colhida.
O desempenho do mercado externo, principalmente com a tarifa de 10% que a China impôs sobre a soja dos Estados Unidos, pode influenciar nesse número de estoques de passagem.
A produção total de grãos do Brasil, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (13), deverá atingir 328 milhões de toneladas, nos cálculos da Conab. Na avaliação do IBGE, o volume será de 324 milhões (Folha, 24/3/25)