Se um negócio fracassa todos perdem – Por Aparecido Mostaço
Se um negócio fracassa, todos perdem; os empregados, os acionistas, os fornecedores, os credores, a comunidade e, principalmente o espírito empreendedor.
Daí a importância de todos buscarem sempre o melhor caminho para a recuperação das empresas, para que todos possam ganhar e prosperar continuamente.
Empreender é ter a coragem de construir um barco (não importa o tamanho), colocá-lo no mar (mercado escolhido), convidar uma tripulação para conduzi-lo rumo aos portos (objetivos) a serem conquistados, navegando por mares previsíveis e imprevisíveis, calmos e turbulentos. John A Shedd, disse acertadamente: “O barco está seguro no porto. Mas os barcos não são construídos para isso.”
Quando uma empresa (barco) “encalha” numa crise financeira, dependendo do grau de gravidade, terá que tomar decisões imediatas e escolher o melhor caminho para o momento, como redução radical dos custos e até a utilização da recuperação judicial, que é um instrumento legal que garante um fôlego extra, enquanto se elabora o plano de recuperação para sua aprovação na assembleia de credores visando uma retomada com força máxima.
Neta fase, espera-se que a empresa mude sua atitude e implemente um choque de gestão (para valer) que a faça se reerguer, com um novo estilo de gestão.
Este é o ponto que quero refletir com vocês hoje; em situações de crise, temos pilares importantes a serem trabalhados, entre eles, uma nova arquitetura financeira e operacional, além de uma nova arquitetura das atitudes.
Esse é o nosso foco aqui, sem mudar o jeito de ser e a velocidade em fazer o que precisa ser feito, tudo ficará igual, a não ser o aumento dos problemas e frustrações.
Quando as adversidades surgem e os obstáculos aumentam, temos duas opções: sentar e chorar ou se levantar e lutar ! É, claro, que a maioria dirá “eu vou lutar” !
Mas o “vou lutar” com todas as minhas forças, deve estar alinhado com o compromisso sincero de aceitar as mudanças necessárias, ou seja, realmente querer mudar. Chacoalhar a poeira, reenergizar-se e buscar novas alternativas para reverter a situação.
É necessário uma disruptura com os mapas que nos conduziram até a crise e imediatamente começarmos a operar por um novo GPS de alta precisão, com monitoramento em tempo real dos resultados, uma nova e ousada rota e uma revigorada liderança, para que seja possível imprimir um novo rumo e um novo ritmo até novos mares.
Tentar fazer mais do mesmo, somente irá levar ao aprofundamento da crise, levando a todos, até o seu limite das forças psíquicas, além, claro no limite dos recursos financeiros.
A hora mais difícil é a hora de encarar a verdadeira realidade da situação. Neste momento precisamos de coragem. Pois como diz o ditado; “Cada um se ilude com a mentira que mais lhe agrada.” Após o choque de realidade, a ação.
O próximo passo é tomar as decisões para se reinventar e concentrar seus esforços e competências em um plano de emergência para a gestão da crise imediata (desencalhar o barco) e na elaboração de um plano de sobrevivência (colocá-lo de volta para navegar), assim como iniciar plano de horizonte estratégico da retomada do desenvolvimento.
Para isso, o grande desafio é criar uma governança corporativa que seja resiliente, ágil e altamente eficiente na superação dos obstáculos, com um time escalado pela diversidade de atitudes, conhecimentos, experiências, habilidades e competências.
Neste momento, não cabe indecisão. Se titubear, dança. Mudar de ideia a cada hora, a chamada “Liderança nuvem”, a cada minuto de um jeito, não tem vez. Cabe um perfil especializado em tomada de decisão de maneira rápida, assertiva e sob pressão que tenha temperamento que exala boas energias, inspiração, entusiasmo e não negativismo, medo e insegurança. Soldados inseguros não ganham guerra.
Para tirar uma empresa da dificuldade que se encontra é preciso uma nova forma de pensar, agir, sentir e liderar. De nada adianta um novo plano, com a mesma atitude e com a mesma energia e com a mesma pegada.
Já vi inúmeros casos, onde todos se esforçam muito, dão todo o sangue, lutam o máximo que podem, mas... com a mesma cultura, mentalidade e estratégia de sempre, a mesma visão e “jeito” de liderar, com os mesmos métodos, processos e mapas que as conduziram até a crise atual. Apesar de travarem uma grande batalha, será frustração para todos.
Quando afirmamos que “O general de tempos de paz, não é o mesmo dos tempos de guerra”, metaforicamente estamos dizendo que é preciso mudar o espírito da organização como um todo. Não podemos ir para uma “guerra” com o mesmo espírito de quem está vivendo um longo período de paz e prosperidade. Não, não e não. Para vencer uma guerra é preciso espírito guerreiro, estratégia ágil e inteligente.
Churchill afirmava sempre: ”Perguntam-me qual é o nosso objetivo? Posso responder-lhe com uma única palavra; Vitória ! Vitória a todo o custo, vitória a despeito de toda a dor, vitória por mais longa e difícil que seja a caminhada, porque sem vitória, não sobreviveremos.” (Aparecido Mostaço – CEO da Energia Humana Consultoria; aparecido.mostaco@energiahumanaconsultoria.com)