16/04/2020

Sem a Europa no mercado, exportação de gado vivo do Brasil aumenta

Sem a Europa no mercado, exportação de gado vivo do Brasil aumenta

Legenda: Confinamento de gado de corte; dólar acima de R$ 5,00 deixou gado brasileiro competitivo - Jonas Oliveira/ANPr

 

Real desvalorizado e custo menor na produção ajudam a tornar o animal brasileiro mais competitivo.

Apesar do coronavírus, um setor do agronegócio acelera suas atividades neste mês: o da exportação de gado vivo. O primeiro trimestre foi de atividade inferior ao normal, mas em abril as vendas externas estão aceleradas.

Os dados mais recentes da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), e referentes aos sete primeiros dias úteis deste mês, indicam que as receitas do setor somam US$ 28 milhões no período, 95% mais do que as de abril de 2019. Durante todo o primeiro trimestre deste ano, as exportações atingiram US$ 35 milhões.

Gastão Carvalho Filho, da Boi Branco, do Pará, diz que há uma conjugação de fatores favoráveis para as exportações brasileiras, o que aumenta as atividades das principais exportadoras da região.

Alguns navios saem com até 20 mil bois, e o destino principal é a Arábia Saudita. Segundo o exportador, a tripulação não sai do navio para evitar contatos com trabalhadores do porto.

Com o dólar acima de R$ 5,00, o gado brasileiro ficou bastante competitivo. Além disso, os europeus, tradicionais participantes do mercado internacional de gado vivo, estão com dificuldades para exportar devido aos efeitos do coronavírus.

Outros países da América Latina, também ativos nesse mercado, como Uruguai e Colômbia, têm preços mais elevados.

Carvalho Filho destaca ainda dois outros pontos importantes para o Brasil. A queda nos preços do petróleo, que tornou o frete dos navios mais barato, e a redução de custos internos.

A utilização do farelo obtido na produção de óleo de palma tornou os custos na alimentação do gado um diferencial na região.

O maior volume de exportações são de bezerros, com pouca venda de gado pronto. Nos três primeiros meses deste ano, o Pará liderou as exportações, obtendo US$ 27 milhões. A seguir vieram Rio Grande do Sul e São Paulo, com US$ 5 milhões e US$ 2,1 milhões, respectivamente.

Já as exportações de carne bovina “in natura” perderam força neste mês, com uma média de 6.000 toneladas por dia útil, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) (Folha de S.Paulo, 16/4/20)