23/03/2022

Sem fertilizantes, vem aí 'uma crise global de alimentos'

Sem fertilizantes, vem aí 'uma crise global de alimentos'

APLICANDO FERTILIZANTES Foto moiseXVII via Getty Images

  Por Nelson de Sá

Do Brasil ao Texas, safras estão ameaçadas, diz NYT, projetando 'aumento mundial na fome'; segundo a ONU, uma 'catástrofe'

Na Bloomberg, os fazendeiros brasileiros "erraram a aposta" e podem ficar sem fertilizantes para plantar, entre outros, soja. Normalmente compram muito antes, mas os preços subiram em 2020, em parte "devido a sanções contra Belarus, levando a adiar a compra".

Rússia e Belarus estão entre "os maiores fornecedores de fertilizantes do mundo". Agora, com guerra e mais sanções, só estão certas 28% das necessidades do Brasil, "o maior importador do mundo".

A mesma Bloomberg noticiou que Lula creditou a crise à "irresponsabilidade total" de se fecharem, no governo Michel Temer, as sete fábricas de insumos para fertilizantes da Petrobras. "O Brasil poderia ser autossuficiente", afirmou ele à rádio Som Maior.

Em reportagem no alto da primeira página, assinada pelo correspondente no Brasil com relatos dos EUA, China e Afeganistão, o New York Times alertou para "uma crise global de alimentos", com "aumento mundial na fome".

"Fazendeiros do Brasil ao Texas estão cortando fertilizantes, ameaçando o tamanho das próximas safras", publica o jornal, com a foto acima e outras. "Os preços de alimentos e fertilizantes estão subindo rapidamente", num quadro de "catástrofe sem precedente desde a Segunda Guerra", diz o diretor da ONU para o combate à fome.

"O aumento dos preços e a fome apresentam uma nova dimensão para a visão sobre a guerra", avalia o NYT. "Poderia ampliar a raiva contra a Rússia? Ou a frustração seria direcionada às sanções ocidentais que ajudam a aprisionar alimentos e fertilizantes?" (Folha de S.Paulo, 23/3/22)