Sem pressão dos frigoríficos, carne bovina tem menor consumo em 26 anos

BOI GORDO -(Imagem Reuters Paulo Whitaker)

Por Pasquale Augusto

O destaque para o mercado do boi gordo fica por conta da forte queda dos custos do confinamento; entenda o cenário 

Os valores do boi gordo seguem em patamares mais elevados ao longo do mês de outubro.

O indicador do animal do Cepea/B3 aponta para preços em R$ 242,10, com uma alta mensal de 2,52%.

No mês passado, o destaque para o mercado ficou por conta da alta nos preços da arroba, que saltaram mais de 18%, e pelo avanço do volume exportado, sendo o melhor mês do ano em termos de embarques.

De acordo com Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, o mercado do boi trabalha com preços bem definidos nesta semana.

“Os preços em São Paulo estão entre R$ 235 – R$ 240 por arroba, enquanto em Minas Gerais os negócios acontecem entre R$ 230 – 235. Os frigoríficos estão conseguindo melhorar suas escalas, mas não a ponto de exercer pressão no mercado porque a demanda é boa, já que esse é o período de auge no consumo anual, que é o último trimestre”, explica.

Dito isso, Iglesias não vê espaço para altas muitos consistentes, como para quedas agressivas dos preços. “É possível que os frigoríficos testem os mercados, com compras em patamares mais baixos, mas isso ainda não aconteceu”, pontua.

Queda dos custos e consumo de carne bovina

Segundo Wagner Yanaguizawa, analista econômico de proteína animal no Rabobank, o destaque para o mercado do boi gordo fica por conta da forte queda dos custos do confinamento.

“Os preços da ração, que mesmo com os patamares menores de preços do boi gordo com relação ao que estava sendo precificado pelo mercado futuro no primeiro semestre de 2023, tem trazido margens positivas para os confinadores pela queda nos custos. No entanto, o maior desafio para o setor continua sendo para a demanda doméstica e todos os indicadores que podem influenciar na melhora do poder de compra da população”, diz.

Yanaguizawa ressalta que no ano passado, cerca de 65% de toda produção de carne bovina do Brasil foi destinada apenas para atender apenas o mercado doméstico.

“Nos últimos anos, vimos os menores patamares de consumo per capita de carne bovina desde o início da série histórica em 1997”, discorre.

Apesar desse cenário ruim para o consumo, alguns economistas projetam a maior queda no preços das carnes em 2023 desde a criação do Plano Real.

Preços no varejo e atacado

De acordo com Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes, para o varejo, as especulações de compra já começam a acontecer, junto as programações de demanda, negociações de preços e prazos de entrega.

Com isso, a indústria já se programa com planejamentos de compra de animal e malha logística para abastecimento.

“Seguimos monitorando os preços de contrafilé no canal atacarejo, visto a R$ 38,90, com algumas promoções em R$ 32,90. Podemos ver os preços atingirem até R$ 50 nos próximos meses, com a chegada das festas de fim de ano”, explica (Money Times, 20/10/23)