Seres inicia vendas e confirma domínio de carros chineses elétricos
SUV chinês Seres 3 é exibido na Sociedade Hípica Paulista, zona sul da cidade - Divulgação
Nova marca terá modelo compacto para disputar mercado com BYD, GWM, JAC e Caoa Chery.
Após GWM e BYD lançarem carros elétricos no Brasil e confirmarem a produção nacional, chega a vez de a Seres anunciar sua chegada ao mercado.
Trata-se de operação mais modesta e com foco em importações, mas que confirma a recente "invasão" dos modelos produzidos na China, que dominam o crescente segmento de carros compactos que não queimam combustível. Até o Renault Kwid E-Tech vem de lá.
A Seres estuda entrar neste segmento, mas o início da operação ocorre com o SUV chamado 3, que estreia com preço de R$ 240 mil - há uma promoção com desconto de R$ 20 mil, mas restrita a 20 unidades. Haverá também os Seres 5 e 7, em uma indisfarçável brincadeira fonética com o Série 3 e demais sedãs da BMW.
Embora os nomes carreguem o tom caricato de antigas investidas chinesas em mercados globais, a operação envolve grupos de peso.
A empresa é resultado da associação entre as montadoras Chongqing e Dongfeng, que produzem automóveis para diversas marcas há tempos. A Huawei, gigante do setor de tecnologia, é parceira no desenvolvimento dos carros.
A Seres não terá concessionárias, mas, sim, ecommerce (https://driveseres.com.br/) e representantes que levam os veículos para testes de potenciais clientes, além de intermediar a venda direta entre importador e consumidor final. A manutenção poderá ser feita em oficinas credenciadas. Para problemas mais complexos, haverá centros de assistência em São Paulo e em Brasília.
O modelo de negócio é semelhante ao da Tesla, mas é cedo para dizer se vai funcionar no Brasil.
Os veículos chegam pelo Porto de Vitória, no Espírito Santo, e a sede da empresa fica em Alphaville, na Grande São Paulo. Por enquanto, as vendas serão concentradas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O BYD Yuan Plus venceu todas as provas de desempenho e consumo na categoria SUVs Elétricos. Divulgação
Os executivos escolhidos para tocar a operação têm, em média, mais de 20 anos de atuação na indústria automotiva. Alguns dos diretores trabalharam para Asia Motors e CN Auto –empresas que tiveram início promissor, mas terminaram envolvidas em problemas tributários que passaram de uma para a outra.
A experiência adquirida na crise pode ser um diferencial nesse novo momento, mas tudo vai depender de como o mercado vai reagir aos novos produtos, que incluem uma linha de carros elétricos para uso comercial, como vans e picapes de pequeno porte.
A tarefa não será simples. Embora tenha acabamento bem cuidado e itens raros como ajuste elétrico até no banco do carona, o Seres 3 não traz o apelo visual de concorrentes como BYD Yuan Plus (R$ 270 mil) e Peugeot e-2008, que custa R$ 260 mil, mas está sendo oferecido por R$ 210 mil em período promocional.
Os importadores sabem disso, tanto é que já exibiram futuros modelos que chegarão ao país entre o fim de 2023 e o primeiro semestre de 2024.
O Seres 5, por exemplo, tem desenho mais atual tanto por fora como por dentro. Porém, por ser um lançamento global, não está disponível para importação imediata.
Outro produto interessante é o M5, SUV elétrico equipado com um extensor de autonomia. Trata-se de um motor a gasolina que funciona como gerador, o que permite rodar cerca de 1.000 quilômetros
Stella Li, CEO da BYD Américas, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, durante o lançamento da montadora chinesa BYD na Bahia, em even Divulgação/Governo da Bahia
O cálculo de autonomia, por sinal, é um dos problemas comuns a todas as marcas no Brasil.
Os representantes da Seres afirmam ser possível rodar entre 300 km e 350 km com uma carga completa das baterias do modelo 3, mas o fator de correção aplicado pelo Inmetro deve derrubar o número divulgado oficialmente para pouco mais de 200 km. As empresas do segmento tentam mudar esse critério.
Após a linha de SUVs ser lançada, a Seres deve trazer veículos para disputar mercado entre os compactos. Nesse caso, os preços serão inferiores a R$ 150 mil.
Esse é o primeiro degrau da "popularização" dos modelos 100% elétricos, território habitado por BYD Dolphin (R$ 149,8 mil), Caoa Chery iCar (R$ 140 mil), JAC e-JS1 (R$ 140 mil), Renault Kwid e-Tech (R$ 150 mil) e, em em breve, o GWM Ora 3 GT. Todos são importados da China (Folha, 30/7/23)