Setor de carne bovina espera melhora em 2018
O setor de carne bovina viverá nos próximos meses momentos melhores do que os de 2017. O ano passado foi marcado por crises oriundas principalmente da falta de uma fiscalização sanitária séria.
A desconfiança sobre o sistema brasileiro ainda persiste, mas oferta e demanda de carne deverão prevalecer sobre essa desconfiança.
José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, considera que a própria economia vai melhorar o desempenho do setor. Os sinais de crescimento, se concretizados, vão elevar a renda e a capacidade de compra dos consumidores.
O analista atribui ainda a evolução do setor às eleições e à Copa do Mundo. "Esses dois eventos sempre animam a economia."
Ferraz diz que os sinais vindos do exterior também são bons para o mercado de carne bovina. A demanda externa cresce, e o Brasil é um dos principais fornecedores de proteína para o mundo.
Embora ainda sob a desconfiança da Operação Carne Fraca, as exportações deste ano deverão ser melhores do que as de 2017. "O mundo precisa muito da carne brasileira, e será difícil uma substituição do país por outro mercado", diz Ferraz.
O Brasil tem um produto de boa qualidade para oferecer ao mercado externo, mas "a carne top sairá do Uruguai e da Austrália", acrescenta.
Na avaliação de Ferraz, estruturalmente há um gargalo na oferta de carne, mas, em 2018, o volume vai superar os de 2016 e de 2017.
Oferta adequada e demanda crescente vão garantir estabilidade ou até elevação dos preços, acredita o analista da Informa Economics.
"Não será uma evolução dos sonhos para os pecuaristas, mas esse cenário favorável contrasta com o dos outros setores da economia brasileira, que têm desempenho pior", diz ele.
O aumento da demanda pelo produto brasileiro não pode fazer o país se acomodar na questão da fiscalização da carne. "Se o Brasil não moralizar o sistema de controle sanitário, vai pagar caro no futuro."
Ferraz acredita que uma evolução nesse sistema de controle virá só com o próximo governo. Uma das primeiras coisas a serem feitas será retirar a fiscalização da influência política, implantando um sistema sanitário "técnico e correto" (Folha de S.Paulo, 16/1/18)