29/01/2024

Silveira nega que governo avalie romper contrato com Paraguai sobre Itaipu

Silveira nega que governo avalie romper contrato com Paraguai sobre Itaipu

Ministro Alexandre Silveira. Foto Adriano Machado

Afirmação vem em meio à renegociação das bases financeiras do acordo de compra da energia gerada pela usina.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou que o governo brasileiro cogite romper acordo com o Paraguai em relação à compra de energia da usina hidrelétrica binacional de Itaipu.

"Não, estamos em uma negociação diplomática. O modelo de gestão compartilhada de Itaipu é um modelo de sucesso", respondeu Silveira ao ser questionado por repórteres nesta sexta-feira (26).

A afirmação vem em meio à renegociação por Brasil e Paraguai das bases financeiras do acordo de compra da energia gerada pela usina.

Reportagem da Folha afirmou que, com o embate entre os países sobre o valor da tarifa, o governo brasileiro ameaça "denunciar" o acordo, ou seja, informar ao Paraguai que pretendem rompê-lo.

"Quando são as datas de revisão dos anexos [do acordo de Itaipu], se vocês resgatarem na história, sempre houve um estresse natural, legítimo, porque as características do Brasil e do Paraguai são diferentes", afirmou Silveira.

Com a quitação da dívida de construção da usina no ano passado, os governos do Brasil e Paraguai iniciaram formalmente as negociações para revisar o chamado "Anexo C" do Tratado de Itaipu.

Pelas regras vigentes, cada país tem direito a 50% da energia de Itaipu. No caso do Brasil, ela é comercializada em um sistema de cotas a distribuidoras. Já o Paraguai cede uma parte de sua energia ao Brasil a um determinado preço, já que não consome tudo a que tem direito.

 Os governos divergem sobre o preço da energia excedente vendida, com o Brasil pleiteando um valor abaixo do perseguido pelo Paraguai. Na semana passada, Lula recebeu o presidente paraguaio, Santiago Peña, para tratar sobre o tema e disse buscar uma "solução conjunta".

Silveira disse que terá uma reunião na próxima segunda-feira com o diretor de Itaipu a fim de "avançar primeiro internamente e amadurecer" o assunto da tarifa da usina.

"Tenho uma posição já colocada de que nós seremos extremamente rigorosos na questão tarifária no país. Nós, o nosso governo, tem responsabilidade com a questão da tarifa, porque ela impacta a economia, impacta principalmente a vida da classe média e dos pobres do país, que são os consumidores regulados", afirmou o ministro.

A tarifa de repasse de Itaipu para 2024 foi provisoriamente fixada pela agência reguladora Aneel em 17,66 dólares por quilowatt mês, já que o principal componente da tarifa, o chamado "Cuse", ainda precisa passar por deliberação pelo conselho de administração da usina (Folha, 27/1/24)