Só o Brasil "colabora" para conter superávit de açúcar
O forte aumento da oferta na Índia e na Tailândia levou a Organização Internacional do Açúcar (OIA) a elevar sua estimativa para a produção mundial de açúcar nesta safra internacional 2017/18, que terminará em setembro. Com isso, a entidade dobrou sua projeção para o superávit global, o que poderá ampliar a pressão sobre as cotações, que já estão deprimidas.
Em levantamento divulgado ontem, a OIA corrigiu de 179,3 milhões para 185,21 milhões de toneladas sua previsão para a produção mundial. Se confirmado, o volume será 10,3% superior ao do ciclo 2016/17. "Há três meses, quando fizemos a última projeção, não tínhamos um quadro tão claro. Agora, vimos que a situação é alarmante", diz comunicado divulgado pela entidade.
"O quadro dramático de excesso de oferta pode ser atribuído a resultados espetaculares na fase final da safra em dois gigantes asiáticos, Índia e Tailândia. A produção real excedeu a expectativa anterior do mercado em mais de 5 milhões de toneladas, no caso da Índia, e em mais de 2 milhões de toneladas, no caso da Tailândia", afirma a OIA. No Brasil, em contrapartida, a produção deverá registrar queda de 1,5 milhão de toneladas.
A produção da Tailândia em 2017/18 passou a ser estimada em 14,35 milhões de toneladas, enquanto a da Índia subiu para 31,4 milhões. Para o Brasil, que vive o ciclo 2018/19, a estimativa para 2017/18 ficou em 34,5 milhões.
Diante desses números e com a previsão de consumo avaliada em 174,7 milhões de toneladas (1,85% maior que em 2016/17), o superávit global de açúcar deverá somar 10,51 milhões de toneladas, conforme a OIA. Em fevereiro, a entidade sinalizava 5 milhões de toneladas. Na temporada passada, houve déficit de 3,67 milhões.
Apesar dessa virada, a OIA esclareceu que o comércio mundial deverá apresentar um excedente menor, porque os grandes países produtores também são consumidores de peso. No comércio, o superávit global deverá ficar em 4,25 milhões de toneladas, conforme a entidade, mas esse volume também é considerado bastante elevado.
As novas estimativas tiveram pouco efeito sobre o comportamento das cotações do açúcar demerara ontem na bolsa de Nova York, uma vez que o superávit já está "precificado". Os contratos com vencimento em outubro caíram pouco, apenas 5 pontos, e fecharam a 12,71 centavos de dólar por libra-peso (Assessoria de Comunicação, 30/6/18)