09/05/2023

Soja: Análise Conjuntural Agromensal Abril/2023 Cepea/Esalq/USP

Soja: Análise Conjuntural Agromensal Abril/2023 Cepea/Esalq/USP

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Embora o Brasil tenha exportado volume recorde de soja de janeiro a abril deste ano, a oferta doméstica ainda esteve acima da demanda. A safra 2022/23 surpreendeu sojicultores nacionais, diante das produtividades recordes na maior parte das regiões brasileiras, com destaques para Matopiba e Mato Grosso, que, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), compensaram com sobras as perdas registradas no Sul – a colheita da oleaginosa havia atingido 93,7% da área nacional até 29 de abril.

 

Além da maior oferta, a proximidade do vencimento das parcelas de custeio e a necessidade de “fazer caixa” para despesas relacionadas à colheita elevaram expressivamente o interesse de venda em abril. Diante disso, os preços da soja no spot nacional caíram de forma acentuada, e os prêmios de exportação foram os menores desde 2004.

 

Em abril, as médias mensais dos Indicadores da soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná foram as menores desde abril/20, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) teve média de R$ 145,24/sc de 60 kg em abril, quedas de 10,4% frente à do mês anterior e de 20,8% em relação à de abril/22.

 

O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná caiu 10,4% na comparação mensal e expressivos 22,4% na anual, com a média de abril a R$ 139,11/sc de 60 kg. Entre março e abril, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores cederam 7,1% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 10,7% no de lotes (negociações entre empresas). Na comparação anual, as quedas foram de 22,3% e de 23,7%, respectivamente.

 

Ressalta-se que a desvalorização do dólar frente ao Real reforçou a pressão sobre os preços no Brasil. E o impacto do contexto de preços operando nos menores patamares desde 2020 sobre a rentabilidade de sojicultores será expressivo, sobretudo no caso dos que não fizeram vendas antecipadas, optando pela negociação em período de colheita, quando, sazonalmente, as cotações são pressionadas. No caso das vendas externas, de acordo com a Secex, o Brasil exportou 14,34 milhões de toneladas de soja em abril/23, volume 8,3% superior ao de março e 25% acima do de abril/22. De janeiro a abril, saíram dos portos brasileiros 33,47 milhões de toneladas da oleaginosa, um recorde para o período.

 

DERIVADOS

 

Os preços dos derivados também cederam no mercado doméstico, influenciados pela demanda enfraquecida e pelo menor custo com a matéria-prima. No entanto, algumas indústrias brasileiras limitaram a oferta do derivado, na expectativa de demanda externa mais aquecida nos próximos meses, fundamentada na menor produção na Argentina.

 

Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja recuaram expressivos 10,8% entre março e abril e 4,5% em um ano, em termos reais.

 

Quanto ao óleo de soja bruto degomado (com 12% de ICMS incluso), negociado na região de São Paulo (SP), a desvalorização foi de 10,7% na comparação mensal e de expressivos 39,7% na anual, com a média de abril a R$ 5.464,88/tonelada – essa é a menor média mensal desde maio/20, em termos reais.

 

A queda no preço do óleo de soja no Brasil se deve às estimativas de menor demanda externa pelo produto brasileiro, diante da oferta global de óleo de palma.

 

FRONT EXTERNO

 

Os contratos futuros da soja também caíram na CME Group (Bolsa de Chicago) em abril. O primeiro vencimento da soja teve média de US$ 14,8812/bushel (US$ 32,81/sc de 60 kg) em abril, recuos de 0,1% sobre a do mês anterior de 11,5% frente à de abril/22. A queda externa foi limitada pelas condições climáticas desfavoráveis à semeadura da safra 2023/24 nos Estados Unidos.

 

Ainda assim, relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou que 19% da área reservada para a soja havia sido semeada até o dia 30 de abril, acima dos 11% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a projeção para a safra de soja 2022/23 foi revisada para baixo mais uma vez, devido à baixa produtividade. De acordo com a Bolsa de Cereales, a produção no país vizinho pode somar apenas 22,5 milhões de toneladas, a menor em 24 temporadas. Pouco mais de 28% da área havia sido colhida até o dia 26 de abril (Assessoria de Comunicação, 4/5/23)