07/05/2021

Soja: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP

Soja: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP

Mesmo em período de finalização de colheita no Brasil, os preços da soja operaram em patamares recordes nominais em abril – quando deflacionados, os valores foram os maiores desde janeiro deste ano. O impulso veio das demandas interna e externa aquecidas. Com isso, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá teve média de R$ 177,10/sc de 60 kg em abril – a maior média mensal da série do Cepea, em termos nominais –, com avanços de 3% em relação a março e de 73,1% frente a abril de 2020.

 O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 3,8% em relação ao mês anterior e 79,4% se comparado ao mesmo período do ano passado, a R$ 170,80/sc de 60 – também a maior média nominal da série. De março para abril de 2021, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os aumentos foram de 2,1% no balcão e de 2,8% no disponível. Na comparação com abril de 2020, as cotações registraram avanços expressivos de 86,3% e 81,6%, respectivamente. A média do dólar em abril foi de R$ 5,57, 1,3% inferior à de março, porém, 4,4% superior ao observado em abril/20.

 SAFRA 2021/22

Alguns sojicultores domésticos mostraram preferência por negociar uma parcela da safra 2021/22 em detrimento da 2020/21. Isso porque mais da metade da temporada atual já foi comercializada e, agora, há interesse em armazenar o remanescente para negociar nos próximos meses, devido aos maiores prêmios de exportação. Com base no porto de Paranaguá (PR), enquanto os prêmios para embarque em maio/21 e junho/21 operavam em -5 centavos de dólar/bushel, compradores indicavam 60 centavos de dólar/bushel para embarque em agosto e 86 centavos de dólar/bushel em setembro. Para 2022, compradores indicavam 40 centavos de dólar/bushel para fevereiro e 15 centavos de dólar/bushel de março até maio.

 DERIVADOS

A cautela de indústrias nacionais na negociação de grandes quantidades de óleo de soja, a firme demanda externa e a consequente valorização internacional elevaram os preços domésticos em abril. Na cidade de São Paulo, o preço do óleo de soja (com 12% de ICMS incluso) subiu 5,7%, de março para abril, atingindo R$ 7.429,37/tonelada – mais que o dobro do valor registrado há um ano e um recorde nominal. Quanto ao farelo de soja, por outro lado, a demanda esteve enfraquecida. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores cederam 5,6% na comparação entre as médias de março e abril. Já frente a abril/20, a média atual é 50,4% maior.

 MERCADO INTERNACIONAL

A alta externa esteve atrelada ao baixo excedente da safra 2020/21 nos Estados Unidos e às condições climáticas desfavoráveis à semeadura da soja da safra 2021/22. Além disso, a valorização do grão foi influenciada pelo aumento dos futuros do óleo de soja – a demanda por este subproduto se sobressaiu à oferta estadunidense, resultando no maior patamar nominal para o óleo desde jul/2008.

 Com isso, os contratos futuros de soja em grão negociados na CME Group (Bolsa de Chicago) superaram os US$ 15,00/bushel a partir de 22 de abril, o maior patamar nominal desde julho de 2013. Na média do mês, o contrato de primeiro vencimento da soja se valorizou 3,6% sobre março e 73,7% sobre abril/20, a US$ 14,6550/bushel (US$ 32,31/sc de 60 kg) em abril/21 – esse é o maior valor mensal desde maio de 2014. Para o óleo de soja, a média do contrato de primeiro vencimento avançou expressivos 7,7% em relação a abril.

 Os valores deste subproduto estão mais que o dobro do negociado há um ano, a US$ 0,5824/lp (US$ 1.283,86/tonelada) – este é o maior valor nominal desde jul/2008. Quanto ao farelo de soja, os avanços foram de apenas 0,7% no mês e de 40,9% no ano, com média de US$ 411,33/tonelada curta (US$ 453,41/t). De acordo com o relatório do USDA divulgado em 3 de maio, a semeadura da soja atingiu 24% do total da área, acima dos 21% no mesmo período do ano passado e dos 11% na média dos últimos cinco anos.

 Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereales 32,9% do total da área de soja foi colhida, avanço semanal de 14,4 p.p. Apesar do aumento, os trabalhos de campo seguem atrasados em cerca de 35,3 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado. A falta de chuva em fevereiro e março influenciou esse atraso. Até o momento, a produção nacional está estimada em 43 milhões de toneladas (Assessoria de Comunicação, 5/5/21)