Soja: Análise Conjuntural Agromensal Novembro/2020 Cepea/Esalq/USP
Chuvas ao longo de novembro em muitas regiões produtoras aliviaram sojicultores brasileiros, que temiam que o tempo seco prejudicasse fortemente a safra 2020/21. Os volumes de precipitações, no entanto, foram distintos dentre as praças acompanhadas pelo Cepea, resultando em estandes de plantas não homogêneas. De modo geral, o semeio caminhou para a reta final no Brasil, chegando a 86,2% da área estimada, de acordo com dados da Conab.
O cultivo de soja também foi iniciado na Argentina, mas chuvas irregulares preocupam os produtores daquele país. Segundo a Bolsa de Buenos Aires, até o dia 26 de novembro, o semeio havia atingido 39,3% da área estimada em 17,2 milhões de hectares. Mesmo diante da melhora nas condições climáticas na América do Sul, sojicultores brasileiros seguiram receosos nas comercializações no correr de novembro. O fato é que produtores já venderam 60% da safra 2020/21 e, agora, preferem aguardar uma melhor definição da temporada para, então, voltar a negociar novos lotes.
A desvalorização do dólar também limitou o ritmo de comercialização – entre outubro e novembro, a moeda norte-americana caiu 3,7%. Outro fator que reduziu a liquidez em novembro foi a diferença entre os preços praticados no mercado brasileiro – os valores no spot e os para entrega da soja no início de 2021 estiveram distantes e, em algumas regiões do interior do País, operaram atipicamente acima dos observados nos portos.
PREÇOS
As irregularidades climáticas na América do Sul, a aquecida demanda chinesa, a maior procura por parte da União Europeia e a menor produção nos Estados impulsionaram os preços internos da soja em novembro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) teve média de R$ 164,99 em novembro, sendo este recorde real da série do Cepea (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de out/20). A média teve aumento de 3,4% entre outubro e novembro de 2020 e de expressivos 83,6% entre novembro/19 e novembro/20, em termos nominais.
O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou 3,9% entre outubro e novembro/20 e significativos 95,2% entre novembro/19 e novembro/20, com média de R$ 164,55/sc de 60 kg em novembro. Nas regiões acompanhadas pelo Cepea, de outubro para novembro, a alta foi de 5,2% no mercado de balcão e de 5,1% no de disponível. Em um ano, os aumentos foram de 95,2% no balcão e de expressivos 100,5% no de disponível.
DERIVADOS
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja subiram expressivos 10,6% entre outubro e novembro. De novembro/19 para novembro/20, os valores dobraram, impulsionados pela firme demanda doméstica e pela baixa oferta no País. Já os preços de óleo de soja caíram em novembro, pressionados pelo aumento na importação desse subproduto. Na cidade de São Paulo, o óleo de soja (com 12% de ICMS) se desvalorizou 3,9% entre outubro e novembro – em um ano, contudo, observa-se significativo avanço de 97,3%.
FRONT EXTERNO
Nos Estados Unidos, a colheita foi finalizada, mas os preços subiram, influenciados pela firme demanda externa, especialmente da China. Além disso, incertezas quanto ao volume de soja a ser produzido no Brasil sustentaram a commodity nos Estados Unidos – uma vez que ambos os países são concorrentes no abastecimento global da oleaginosa. O primeiro vencimento da soja, na Bolsa de Chicago (CME Group), subiu 8,3% sobre outubro e 26% sobre novembro de 2019, com média de US$ 11,4193/bushel (US$ 25,17/sc de 60 kg) em novembro.
Para o farelo de soja, os preços se elevaram 6,2% entre outubro e novembro e 29,7% sobre novembro/19, a US$ 390,31/tonelada curta (US$ 430,23/t). Para o óleo de soja, as cotações avançaram 10,5% em novembro e subiram 19,1% em um ano, com média de US$ 0,3686/lp (US$ 812,67/t). O movimento de alta ainda foi limitado por expectativas de cancelamentos de compras da China, diante da baixa margem de lucro das indústrias do país asiático (Assessoria de Comunicação, 4/12/20)