Soja: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Agromensal Agosto/21
O dólar seguiu se valorizando frente ao Real em agosto, e esse cenário sustentou as altas nos preços da soja em grão no mercado interno no mês, à medida que deixou o produto brasileiro mais barato aos importadores. Assim, além da demanda firme, a baixa disponibilidade da oleaginosa nos mercados doméstico e internacional também influenciou os avanços nos preços domésticos ao longo de agosto. Diante disso, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá teve média de R$ 171,06/sc de 60 kg em agosto, 2,1% acima da de julho/21 e 33% superior à de agosto/20, em termos nominais.
O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná registrou média de R$ 168,09/sc de 60 kg em agosto, aumentos de 3,3% na comparação mensal e de expressivos 37,2% na anual. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre julho e agosto, os avanços foram de 3,9% no balcão e de 3,7% no mercado de lotes. As médias dos respectivos mercados ficaram 43% e 37,4% superiores às verificadas em agosto/20, em termos nominais. O dólar se valorizou 1,7% entre as médias de julho e agosto, mas recuou 3,8% na comparação anual.
DERIVADOS
Os preços do óleo de soja também subiram no mercado brasileiro em agosto, impulsionados pela valorização da matéria-prima e por expectativas de maior demanda para a produção de biodiesel. Em agosto, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) aprovou o novo modelo de comercialização de biodiesel em substituição aos leilões públicos, que deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2022. Sendo assim, as distribuidoras poderão comprar o biodiesel diretamente de produtores. Essas negociações deverão ocorrer por meio de contratos de fornecimento e de transações à vista (mercado spot). Como o óleo de soja é a principal matéria-prima na produção de biodiesel no Brasil, os preços desse derivado podem subir no spot nacional.
Atentos a isso, representantes de indústrias já elevaram os valores de venda do óleo de soja no mercado brasileiro. De julho para agosto, o preço médio do óleo de soja posto na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS) registrou alta expressiva de 6,1%, a R$ 7.477,18/tonelada no último mês. No dia 26, especificamente, a média foi de R$ 7.809,74/tonelada – maior valor nominal desde o dia 20 de maio deste ano. Em um ano, o avanço no valor médio é de significativos 39,5%, em termos nominais. As cotações do farelo de soja estiveram firmes em agosto, influenciadas pela demanda externa.
Compradores domésticos, entretanto, estiveram cautelosos nas aquisições, sinalizando ter estoques para o médio prazo, cenário que limitou altas nos preços do derivado. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores do farelo avançaram 1,1% entre julho e agosto. Na comparação anual, as cotações do derivado subiram 23,7%.
EXPECTATIVA PARA 2021/22
A área cultivada com a oleaginosa no Brasil segue em crescimento consecutivo há 15 anos, ou seja, desde a temporada 2007/08. Para a safra 2021/22, as estimativas iniciais da Conab indicam área de soja em 39,91 milhões de hectares, incremento de 3,6% sobre a passada. A produção brasileira de soja pode alcançar 141,26 milhões de toneladas, 3,9% acima da temporada anterior (135,98 milhões de toneladas), mantendo o Brasil como o maior produtor de soja em 2022. As exportações de soja nas safras 2020/21 e 2021/22 também devem ser recordes, estimadas em 83,42 e em 87,58 milhões de toneladas, respectivamente. As expectativas são de maior demanda chinesa, de acordo com a Conab.
MERCADO INTERNACIONAL
Já nos Estados Unidos, os preços da soja caíram ao longo de agosto, influenciados pela desvalorização do óleo de soja, que, por sua vez, acompanhou o enfraquecimento do petróleo. Neste caso, a queda do valor do combustível fóssil desestimula refinarias a misturar biodiesel ao óleo diesel, e o óleo de soja é uma das principais matérias-primas utilizadas na fabricação do biocombustível. Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), no acumulado do mês (entre 30 de julho e 31 de agosto), o contrato Set/21 de soja caiu expressivos 8,2%, indo para US$ 12,9875/bushel (US$ 28,63/sc de 60 kg) no dia 31. A média de agosto ficou 3,7% inferior à de julho, porém, 51,7% superior à de agosto/20. O contrato de mesmo vencimento do óleo teve forte queda de 9,8% ao longo de agosto, indo para US$ 0,5936/lp (US$ 1.308,65/tonelada). A média de agosto esteve 5,5% abaixo da do mês anterior, porém, 95,7% maior que a de agosto de 2020.
O contrato do farelo caiu 1,8% no acumulado do mês, indo para US$ 346,80/tonelada curta (US$ 381,84/t) no dia 31. A média de agosto ficou 1,7% inferior à de julho, mas 22,3% superior à de agosto/20. Nos Estados Unidos, os trabalhos de colheita devem ser iniciados em breve. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras, divulgado pelo USDA no dia 31 de agosto, 93% da safra estava em formação de vagens, em linha com a média dos últimos cinco anos (Assessoria de Comunicação, 3/9/21)