04/10/2019

Soja brasileira perde espaço na China, mas carnes e açúcar ganham

Soja brasileira perde espaço na China, mas carnes e açúcar ganham

Receita brasileira com a exportação da oleaginosa para chineses recua 20% no ano, mas a das proteínas sobe 30%.

As relações comerciais entre Brasil e China não mantiveram, neste ano, o mesmo ritmo de 2018. Até setembro, os chineses importaram o correspondente a US$ 58,3 bilhões (R$ 239 bilhões) do Brasil no setor de alimentos, um valor 7% inferior ao do mesmo período de 2018.

A soja é o motivo principal dessa retração. Com bons estoques e retração no consumo interno, os chineses compraram do Brasil apenas 46 milhões de toneladas da oleaginosa neste ano, abaixo dos 55 milhões de igual período do ano passado.

Além disso, mesmo com a manutenção da guerra comercial, a China começa a importar mais soja dos Estados Unidos. Com isso, os gastos dos chineses com a compra de soja no Brasil recuaram 20% no ano, para US$ 19,6 bilhões (R$ 80,3 bilhões).

Carnes e açúcar, porém, impediram uma desaceleração ainda maior na relação comercial entre os dois países, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). 

A redução na importação de soja e a alta na de carnes ocorrem pelo mesmo fator: o avanço da peste suína africana no país asiático.

O rebanho de suínos, devido ao abate de animais afetados pela doença, diminuiu. Daí a redução no consumo de farelo de soja.

A importância da carne suína na alimentação dos chineses obriga o país a elevar as importações dessa proteína. A oferta desequilibrada abre espaço também para as carnes bovina e de frango do Brasil.

Os chineses deixaram US$ 2,4 bilhões (R$ 9,8 bilhões) no Brasil na compra de carnes até setembro, 30% mais do que nos nove primeiros meses de 2018.

O açúcar também melhorou a participação na balança comercial do agronegócio neste ano. Devido a taxas de importação elevadas colocadas no produto brasileiro no ano passado, a commodity nacional perdia competitividade no mercado chinês.

As exportações ficaram em apenas US$ 138 milhões (R$ 565,8 milhões) até setembro. Neste ano, com taxas equivalentes às de outros exportadores, as vendas brasileiras se recuperaram e atingiram US$ 320 milhões (R$ 1,3 bilhão) no período (Folha de S.Paulo, 4/10/19)