05/01/2021

Soja estende rali para 2021 por temor com oferta da América do Sul

Soja estende rali para 2021 por temor com oferta da América do Sul

Legenda: Máximas de contrato foram atingidas por quase todos os vencimentos futuros de soja, milho e trigo (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno)

Os contratos futuros da soja negociados em Chicago ampliaram um rali para máximas de seis anos e meio nesta segunda-feira, à medida que o tempo seco e as interrupções de embarques na América do Sul seguem preocupando investidores em momento de firme demanda chinesa, disseram analistas.

Já os futuros de milho e trigo tiveram sessão volátil, com ambas as commodities devolvendo ganhos após atingiram máximas em seis anos.

O contrato março da soja fechou em alta de 2 centavos de dólar, a 13,13 dólares por bushel, depois de tocar a marca de 13,4950 dólares, maior nível para um vencimento mais ativo desde junho de 2014, em gráfico contínuo.

O contrato mais ativo do milho recuou 0,25 centavo, para 4,8375 dólares o bushel, após chegar a 4,9775 dólares, aproximando-se do patamar de 5 dólares pela primeira vez desde maio de 2014. O trigo para março subiu 1,50 centavo, a 6,42 dólares/bushel.

Máximas de contrato foram atingidas por quase todos os vencimentos futuros de soja, milho e trigo.

“Fazia bastante tempo que não víamos os preços para as novas safras tão altos, especialmente na soja”, disse Dan Cekander, presidente da DC Analysis (Reuters, 4/1/21)


Soja: mercado pagará para os EUA plantarem mais contra produtividade e estoques menores

Por Giovanni Lorenzon

LegendaAlta da soja estará ligada à necessidade de aumento do plantio nos Estados Unidos, entre outros fundamentos (Imagem: Unsphash/@mpetrick)

O desenho da próxima safra de soja dos Estados Unidos oferece os sinais para a commodity trabalhar no topo de preços em Chicago. Pressionada pela demanda chinesa firme, dois pontos são centrais: redução da produtividade e corrosão perigosa dos estoques finais.

Para compensar a “leve” queda da quantidade do grão que sairá das lavouras, até agora prevista para o ciclo 21/22, afetando o disponível lá na frente, o analista Marcos Araújo acredita que os “produtores americanos serão incentivados a aumentarem a área através das cotações”.

O sócio-diretor da Agrinvest Commodities se baseia em dados do Economic Research Service (ERS), ligado ao Departamento de Agricultura (USDA), que aponta 51,60 bushel por acre (bpa) – ou 57,83 sacas por hectare – para uma área a ser plantada de 36,02 milhões de hectares.

“A produtividade está dentro das tendências, mas abaixo do nível recorde acima de 58 sc/ha”, afirma.

Em termos de estoques finais, a previsão, que ele considera no limite para não descer mais a níveis críticos, é de 4,65 milhões de toneladas.

O contrabalanço desejado seria, para o analista, ganho maior de área do que o já calculado, de 6 a 7 milhões de acres (2,4 a 2,8 milhões/ha).

A safra americana começa a ser plantada em abril, em algumas regiões do Sul. E a soja brasileira, já colhida integralmente ao final de fevereiro, estará no protagonismo.

Mas o mercado vai trabalhar com os mesmos fundamentos que se observou nos últimos três meses: desde que a soja brasileira praticamente se esgotou, os chineses se voltaram para a oleaginosa dos Estados Unidos, ocasionando em preços que ultrapassam US$ 13,4 o bushel nesta segunda (4), com a ajuda do clima no Brasil e Argentina.

Em novembro de 21, segundo Marcos Araújo, o basis no interior dos Estados Unidos (prêmio que reflete a diferença entre o preço físico e o preço de bolsa) projetado é de US$ 0,45 por bushel (Money Times, 4/1/21)