14/07/2022

Soja no Cerrado: conheça 4 agtechs que desejam inovar no bioma

Soja no Cerrado: conheça 4 agtechs que desejam inovar no bioma

Soja no Cerrado Foto AFPBahia - AFP Arquivos

 

Saiba quais são as soluções propostas por Adapta, Busca Terra, Green Bug e SciCrop, apoiadas pela Startup Finance Facility. Agtechs buscam soluções para os desafios de cultivar soja no Cerrado

 

Quatro novos projetos de startups foram selecionados pelo PSSC (Programa Soja Sustentável do Cerrado), parceria entre o hub de inovação AgTech Garage, de Piracicaba (SP), e o Land Innovation Fund, fundo internacional criado com aporte inicial da Cargill e sob gerenciamento da Chemonics International. O PSSC representa um movimento de inovação no bioma.

 

Os projetos selecionados receberão aporte financeiro do Startup Finance Facility, uma iniciativa de gestão e fomento a soluções de inovação para uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa, que dispõe de R$ 3,4 milhões. As startups escolhidas foram a Adapta, do Rio de Janeiro e com sede operacional em Pintadas (BA), a Busca Terra, de Piracicaba (SP), a SciCrop, com sede na capital paulista, e a Green Bug.

 

“Entendemos que para inovar é preciso criar condições para o desenvolvimento de uma paisagem de inovação, com espaço para o intercâmbio entre os diversos atores da cadeia da soja e o fomento de soluções com potencial transformador para a cadeia da soja, em diferentes estágios de desenvolvimento – das early stage às que precisam ganhar escala”, diz Carlos E. Quintela, diretor do Land Innovation Fund.

 

Para José Tomé, co-founder e CEO do AgTech Garage, o Startup Finance Facility um ponto a favor da parceria é sua estrutura de gestão. “A interseção inédita de módulos – do For Farmers ao Fellowship Cerrado, somado ao aporte financeiro do Startup Finance Facility – coloca o Programa Soja Sustentável do Cerrado na fronteira da inovação junto ao ecossistema empreendedor”, afirma Tomé. O Programa Fellowship Cerrado é um projeto exclusivo para professores e pesquisadores com linhas de pesquisa e o For Farmers é um programa para grupos de produtores que buscam relacionamento com ecossistemas de inovação.

 

O aporte financeiro servirá para catalisar o desenvolvimento dos projetos, a testagem e a implementação das soluções. Os projetos compõem um portfólio de inovação para toda a propriedade rural – da área de cultivo à floresta em pé – e propõem soluções em conservação, produção e mecanismos financeiros, três das quatro vias de atuação do Land Innovation Fund na América do Sul.

 

 

Os critérios para a escolha dos projetos tiveram como base a aderência ao programa PSSC, o potencial inovador do serviço ou produto, a viabilidade econômica e financeira da iniciativa, a composição, função e relevância de cada startup no projeto, além do conhecimento técnico e qualidade da proposta. As startups terão acesso a mentorias estratégicas e técnicas, conexões com executivos da comunidade do AgTech Garage, troca de experiências com empreendedores, participação em eventos e workshops com profissionais da iniciativa privada.

 

Conheça as soluções propostas pelas startups:

 

Regen-Cert, da Adapta

Solução sistêmica para fomentar a adoção de práticas agrícolas regenerativas na cadeia da soja na região do Matopiba. A startup trabalha com cooperativas, associações, corporações, instituições financeiras e públicas para reduzir o impacto ambiental e promover benefícios socioeconômicos de cadeias agrícolas.

 

A Adapta propõe uma solução composta por três plataformas integradas – técnica, financeira e digital – para auxiliar o produtor rural a adotar práticas de agricultura regenerativa em sua propriedade rural, por meio de um monitoramento virtual das etapas de transição e visitas técnicas de especialistas; estudo de viabilidade econômica, barreiras técnicas e riscos associados à adoção das práticas; e o desenvolvimento de um certificado digital com tecnologia blockchain e IoT para contabilizar os benefícios ambientais associados às métricas de carbono, biodiversidade, água e saúde do solo na cadeia de suprimentos da soja.

 

Painel de Transparência da Soja, da Busca Terra

Desenvolvimento de uma plataforma de rastreabilidade para empresas demonstrarem que estão comprando soja cultivada em fazendas em conformidade com as leis ambientais ou com projetos de recuperação ambiental, com a atribuição de um selo de “Soja Verde” para grãos produzidos em fazendas regularizadas ambientalmente.

 

 

A startup já possui a tecnologia que concentra dados do imóvel rural de mais de 100 bases diferentes, integrando informações sobre clima, solo, questões fundiárias e cadastrais, alertas de desmatamento e focos de incêndio. Com a apoio agora, a meta é o desenvolvimento em escala comercial de um painel de avaliação e monitoramento completo para a soja. O sistema irá gerar um cadastro positivo dos produtores rurais em conformidade com o Código Florestal, e incentivará a implementação de projetos de conservação de mata nativa com um CPR Verde, além de auxiliar na identificação dos serviços ambientais, validação, mensuração e negociação com investidores em potencial.

 

Ouvidos da Natureza, Green Bug

A proposta é ouvir o som das florestas para detectar alterações no ecossistema, antever a necessidade de possíveis ações preventivas na propriedade ou mensurar o alcance de boas práticas agrícolas, contribuindo para redução de custos, melhores condições de produção e conservação do meio ambiente. A startup utiliza tecnologia de Internet das Coisas e Inteligência Artificial para detectar os sons do ecossistema, transmitir os resultados a uma base de dados e monitorar quaisquer alterações de ruídos na área mapeada – de alteração na população local de aves ou no padrão de visitas sazonais a início de focos de incêndio.

 

O conjunto de dados possibilita uma análise das características gerais da região monitorada – da área de cultivo às pastagens, de unidades de conservação a áreas de preservação permanente – com informações de curto, médio e longo prazo relevantes para o produtor rural e, em última instância, também para a comunidade científica e iniciativa privada.

 

Os dados são coletados por um dispositivo eletrônico abastecido por energia solar e baterias com microcontroladores capazes de executar algoritmos de inteligência artificial, detectar e classificar eventos, transmitir os resultados para a plataforma web e traduzir esses sons em números para mapear a dinâmica de cada microrregião, gerando alertas sobre variações ou anomalias com antecedência. As informações são úteis tanto para mensurar riscos quanto para medir o alcance de ações de preservação, como recuperação de paisagens, criação de corredores ecológicos, instalação de poleiros, entre outras boas práticas agrícolas.

 

Green Pixel Initiative, SciCrop

Primeira agtech brasileira a adquirir propriedade intelectual para criação de uma blockchain específica às demandas do agronegócio brasileiro, a proposta da SciCrop é desenvolver contratos futuros (smart contract) em blockchain de áreas de preservação ou regeneração do Cerrado brasileiro a partir de imagens de satélite coletadas ao longo de doze meses. O smart contract gera um arquivo único, assinado digitalmente, que reproduz a condição real de biomassa de uma área em um determinado período, e certifica as ações socioambientais de preservação ou regeneração implementadas pelo proprietário na microrregião.

 

 

Com os dados do pixel verde, o produtor rural pode fechar smart contracts com a iniciativa privada e receber compensações financeiras por ações de preservação ambiental, taxas de remoção de CO2 por hectare de área preservada ou regenerada, ações de mitigação de riscos de supressão da vegetação nativa, ou iniciativas sociais voltadas para a comunidade local e realizadas em parceria com ONG’s pré-cadastradas na base de dados da startup.

 

Já a iniciativa privada acessa o site do Green Pixel Initiative, escolhe as áreas que deseja proteger e compra os pixels em forma de smart contract. O pagamento é calculado a partir de um somatório de taxas ambientais, sociais e administrativas. A proposta da agtech estimula a produção livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa, além de contribuir para a neutralização de carbono e para a diminuição da vulnerabilidade social nos locais de menor IDH do Cerrado (Forbes, 13/7/22)