Soja: Volatilidade cambial ajuda produtor a fixar preço em bom nível
O diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, destacou nesta quinta-feira que a mudança no patamar do dólar no Brasil reduziu a insegurança sobre um possível descolamento entre o cenário de câmbio na compra dos insumos e o da venda da produção de soja da sara 2019/20.
"O cenário de soja conseguiu absorver a redução da oferta norte-americana sem uma reação nos preços em Chicago, mas o câmbio tem se comportado muito em linha com o patamar em que foram incorridos os custos”, disse Fernandes no Agro em Pauta, evento promovido pelo banco na capital paulista.
“O grande temor que tínhamos era (o produtor) incorrer custos da safra a R$ 4,10 e comercializar a R$ 3,80. Hoje em dia, a gente tem muito menos medo desse cenário. Ao mesmo tempo, toda essa volatilidade cambial tem dado oportunidade para os produtores e cooperativas mais desenvolvidos fazerem boas fixações.” O Itaú projeta dólar a R$ 4 no fim deste ano e a R$ 4,15 no fim do ano que vem.
Segundo o gerente de consultoria de agronegócio do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, de junho para cá a alta do preço da saca de soja chega a R$ 5 a R$ 6. “É uma valorização bastante relevante, muito em cima dessa desvalorização cambial”, disse.
Ele ressaltou que, após as margens na safra 2017/18 “espetaculares”, com a elevação nos prêmios nos portos por causa da guerra comercial, em 2018/19 os preços no País foram mais baixos. Ainda assim o produtor obteve “margens bastante razoáveis”, na avaliação do executivo.
Para 2019/20, a queda da oferta norte-americana reduziu a preocupação com as margens, mas ainda é possível uma redução maior no consumo global em virtude da peste suína africana. “É fundamental para produtor aproveitar oportunidades e fixar (a soja)”, analisou.