Soja/Danone: Nota Oficial tenta blindar o atabalhoado CFO da empresa
Imagem Reprodução – Blog Revista Veja 29/10/24
A entrevista estapafúrdia concedida pelo diretor de Finanças e Tecnologia de Dados da Danone Juergen Esser em Paris à Reuters, na qual anuncia que a empresa deixou de comprar soja produzida no Brasil, continua ecoando ao mesmo tempo que cresce o boicote contra as marcas “Danone” nos pontos de venda.
Juergen Esser CFO da Danone, que em entrevista atabalhoada e irresponsável à Agência Reuters, defenestrou os produtores de soja do Brasil. Foto Linkedin
Isto porque, em “Nota Oficial” publicada na última sexta-feira no (1) site da Danone (https://corporate.danone.com.
Silvia Davila, head da Danone LatAm. Foto Reprodução – Blog Bloomberg
Em sua “Nota Oficial” Silvia Davila omite o nome do autor das “informações incorretas” que é o francês Juergen Esser, diretor de Finanças e Tecnologia de Dados da Danone. No site da Danone ele é o 2º nome do conselho da empresa enquanto Silvia Davila é o 8º nome.
Na manhã do último sábado (2) a Danone através da “Communications Manager da FleishmanHillard Brasil”, Karina Branford, enviou à redação do BrasilAgro cópia em inglês da “Nota Oficial” assinada por Silvia Davila. Já na manhã de ontem (4) ela foi provocada e questionada porque o documento estava em inglês e o que levou o diretor da Danone Juergen Esser a fazer, publicamente, a infeliz declaração que fez que é agora contestada pela sua companheira do Comitê Executivo Global.
A resposta, lacônica e incompleta foi esta: “Realmente só podemos nos posicionar por meio da nota e como veio assinada pela executiva do global, só temos em inglês mesmo”. A displicência em relação à mídia e a blindagem ao autor da entrevista à Reuters evidenciam a falta de respeito da Danone aos seus consumidores e a opinião pública (Da Redação, 5/11/24)
“Nota Oficial da Danone Brasil sobre Soja
Declaração Oficial de Silvia Dávila
30 de outubro de 2024
Lamentamos as informações incorretas que circulam sobre a Danone e a origem da soja brasileira. Confirmamos que a Danone continua comprando soja brasileira, em conformidade com as regulamentações locais e internacionais.
Reconhecemos o notável compromisso do governo brasileiro em preservar as florestas locais e seus sólidos programas dedicados à proteção da floresta amazônica e ao avanço da agricultura sustentável de soja. Também reconhecemos as associações de classe e os agricultores brasileiros que têm se dedicado incansavelmente à sustentabilidade e à inovação no campo.
A Danone tem uma forte presença no Brasil há mais de 50 anos e investe anualmente em ações que priorizam o apoio e o desenvolvimento de grandes e pequenos produtores locais, incentivando práticas mais sustentáveis em toda a nossa cadeia de suprimentos.
A soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de suprimentos de ração animal da Danone para os produtores de leite no Brasil, e continua a ser utilizada, com a maior parte desse volume sendo disponibilizada a eles por meio da Central de Compras da Danone, incluindo processos que garantem sua origem de áreas não desmatadas.
Em outras regiões, como na UE, onde produtores de leite obtêm sua ração diretamente de fornecedores de sua escolha, a soja brasileira é um insumo importante para a indústria. A Danone trabalha ativamente com os produtores de leite para garantir que a soja seja proveniente de fontes sustentáveis e verificadas como livres de desmatamento, independentemente da origem geográfica. Também incentivamos ativamente os produtores de leite a comprarem ração apenas de comerciantes que respeitem seus compromissos ou possuam certificações credíveis.
Mais uma vez, reafirmamos com orgulho o compromisso inabalável da Danone com todos os nossos stakeholders no Brasil, incluindo fornecedores, agricultores, governo, consumidores, clientes e comunidades.
Danone volta a reafirmar compra de soja brasileira após polêmica sobre boicote
© Reuters. Danone volta a reafirmar compra de soja brasileira após polêmica sobre boicote
A presidente da Danone para a América Latina, Silvia Dávila, divulgou nesta sexta-feira, 1º, nova nota de esclarecimento na qual reafirma não haver restrições à compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da empresa. É a terceira manifestação da companhia sobre o tema em uma semana.
"Reafirmamos que não há medidas restritivas na compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da Danone em todo o mundo", diz na nota, acrescentando que "a informação circulada sobre este tópico não é precisa" e que a soja brasileira "é um insumo essencial para nossos produtores de leite". "Isso se aplica não apenas à cadeia de suprimentos brasileira, mas também a outros países onde operamos", complementa o texto.
Dávila, que também integra o Comitê Executivo Global da Danone, havia se manifestado na quarta-feira, 30, por meio do LinkedIn da empresa, em uma nota mais extensa na qual reconhecia "o notável compromisso do governo brasileiro em preservar as florestas locais". A nova declaração ocorre após uma onda de críticas no Brasil, desencadeada por declarações do diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, que, em entrevista à Reuters, sugeriu que a empresa estaria optando por fornecedores asiáticos de soja em antecipação à legislação de combate ao desmatamento da União Europeia, a EUDR, que deveria entrar em vigor em janeiro de 2025.
A polêmica provocou reações imediatas de produtores brasileiros e de autoridades do setor agrícola. Na terça-feira, 29, a filial brasileira da Danone já havia divulgado um primeiro comunicado, assinado pelo presidente Tiago Santos, negando qualquer interrupção nas compras de soja nacional.
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A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) classificou a postura da Danone como "um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania". A entidade argumentou que os produtores brasileiros são "os únicos no mundo que preservam o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade", citando as exigências do Código Florestal.
O Ministério da Agricultura também se manifestou, afirmando que o Brasil não aceitará "restrições desproporcionais a produtos brasileiros" e criticando posturas consideradas "intempestivas e descabidas" por parte de empresas europeias. A pasta destacou que o País atinge "altos padrões" de sustentabilidade e mantém "compromisso com comércio justo e ambientalmente responsável" (Estadão Conteúdo, 1/11/24)