16/10/2024

SP: Agro brilha e lidera; representação dos produtores rurais estarrece!

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“São Paulo supera Mato Grosso na exportação do agro e lidera ranking no País” – Reuters, 9/11/24

Com Lula perto dos 80 anos, PT tem dificuldade em se renovar” – Estadão, 14/10/24

 

Agro brilha e lidera

As exportações do agronegócio de São Paulo aumentaram 9,2% de janeiro a setembro de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, para 22,69 bilhões de dólares, elevando o Estado ao posto de maior exportador do país. Com esse resultado, São Paulo respondeu por 18% do total da exportação nacional, superando Mato Grosso, que ficou com participação de 17,3%, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

 

Os resultados foram impulsionados por produtos como açúcar e suco de laranja, nos quais o Estado é líder no país e colabora com grande parte da dominância global da exportação do Brasil. O complexo sucroalcooleiro, com receita de 9,15 bilhões de dólares no período – o açúcar representou 93,0% e o etanol 7,0% do total -, liderou as receitas externas do agro paulista.

 

As carnes registraram receitas de 2,49 bilhões de dólares nos nove primeiros meses do ano, sendo a carne bovina responsável por 83,9%; produtos florestais atingiram 2,35 bilhões de dólares, com 54,3% de participação da celulose e 38,0% do papel; seguidos pelo complexo soja (2,10 bilhões de dólares); e sucos, com 2,0 bilhões de dólares, dos quais 98% foram sucos de laranja.

No Estado são mais de 350 mil produtores rurais, representados por cerca de 250 sindicatos rurais, que ao longo do tempo ajudaram São Paulo tornar-se referência na pecuária, avicultura, aquicultura, produção de laranjas, limões, cana-de-açúcar, café, banana, entre outros produtos. O empreendedorismo, o desenvolvimento e uso da tecnologia, o olhar atento às exigências do mercado internacional transformaram o agro manual no agro digital tecnológico 5.0.

 

Mas há um grande descompasso entre os produtores rurais paulistas e sua representatividade através da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. Isto porque, um grupo de dirigentes sindicais rurais, tenta manter, a qualquer preço e custe o que custar, “uma capitania hereditária no agro paulista através da dinastia Meirelles no comando da Faesp/Senar há cinco décadas e a transferência do cargo de presidente do comendador Fábio de Salles Meirelles para seu filho Tirso” (Revista Oeste, 28/4/23).

Tirso, o filho ungido pelo pai comendador Fábio de Salles Meirelles para sucedê-lo. Foto Reprodução – Blog Bastidores da Notícia Dracena

 

A tentativa de perpetuar o comando da Faesp/Senar criou um dos mais vergonhosos e estarrecedores episódios na história do agro paulista. Isto porque, em dezembro de 2023, eleição que escolheria os novos dirigentes da entidade, acabaram sendo o estopim de uma crise de imagem e idoneidade. Os membros da chapa de oposição “Nova Faesp”, liderada por Paulo Junqueira, produtor rural e presidente do Sindicato Rural e da Associação Rural de Ribeirão Preto e também da Assovale – Associação Rural do Vale do Rio Pardo, levaram à Justiça do Trabalho denúncias sobre irregularidades flagrantes e falta total de isonomia no processo eleitoral.

 

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região acabou se pronunciando em 1ª e 2ª instâncias anulando as eleições. A decisão em 2ª instância foi tomada por unanimidade pela 10ª Turma. Um evento pomposo, grandioso, ruidoso, solene e suntuoso foi anunciado por Tirso Meirelles para sua “auto posse” como presidente da Faesp/Senar em 14 de abril deste ano no Theatro Municipal de São Paulo.

Centenas de convidados, muitos do interior paulista e de outros Estados, ficaram sabendo que o evento estava cancelado horas antes do seu início por decisão do TRT-2. Produtores rurais paulistas, inconformados pelo que consideraram um “acinte”, questionam até hoje quem é que arcou com os custos para a realização do evento cancelado. Ao mesmo tempo, os mesmos produtores questionam os valores dos honorários e a origem do pagamento dos advogados e escritórios de advocacia contratados para defender Tirso Meirelles.

 

Conhecido e respeitado produtor rural critica os eventos de um grupo autodenominado “semeadoras do agro”, que recebem amplo destaque nas redes sociais da Faesp/Senar através de “convescotes e encontros sociais” realizados no interior paulista. “Falta transparência e gostaríamos de saber quanto custam e quem paga estas festas que levam o nada a lugar algum. É autopromoção de dirigentes que nada tem a ver com as atividades da maior federação da agricultura do País. Enquanto a crise climática e os incêndios criminosos traziam o pânico aos produtores rurais, nossa federação prestigiava as “semeadoras do agro”, afirma.

Tirso Meirelles foi condenado em 2016 a 2 anos e 11 meses de prisão, por triplo homicídio culposo. O laudo da perícia revelou que o Ford Edge conduzido por Tirso cruzou a frente e se chocou ao Fiat Uno da família Silva, vitimando no local três de quatro de seus membros: Jandemi Missias da Silva, 47 anos; sua esposa, Elizete Aparecida Silva, de 46 anos; e a filha deles, Izabella Missias da Silva, de 12 anos (Transcrito da Revista Oeste, edição de 28/4/2023.

Tirso, filho de Fábio, que através de 12 reeleições e 48 anos no comando da Faesp/Senar, não tem nenhum capital político e teria estatura moral para ocupar a presidência da maior federação de produtores rurais do País? Já tentou se candidatar a deputado federal pelo PSDB, teve pífio número de votos (23.524) e em plena campanha política provocou acidente provocando a morte de 3 pessoas, sendo condenado em 2016 a dois anos e 11 meses de prisão por triplo homicídio culposo. Tirso voltava de uma festa e os exames identificaram vestígio de álcool ou drogas em seu sangue.

 

“Tirso e o pequeno grupo que ainda o apoia, e o faz por medo de perder as verbas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, temem agora a provável e iminente intervenção na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. Todos comentam sobre a sua falta de competência e mesmo de atributos para exercer o cargo que o pai assumiu durante quase meio século. Há quem mesmo questione se ele é de fato produtor rural, condição “sine qua non” para poder assumir a presidência da entidade, onde tudo indica haver uma “caixa preta” que pode estar escondendo mal feitos cometidos pelos gestores”, afirmam dirigentes sindicais rurais.

 

Com a eleição de dezembro anulada, Tirso Meirelles encontrou uma maneira nada democrática e mesmo ética, de perseguir e prejudicar seus opositores, cortando verbas federais do Senar para os sindicatos apoiadores da chapa de oposição “Nova Faesp” na proporção de 60% a 80%. “Este vergonhoso e inaceitável revanchismo praticado por ele acabou prejudicando milhares de jovens que dependem e contavam com os recursos do Senar para sua formação profissional”.

 

“O pior é que João Martins, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária e também presidente do Conselho Deliberativo do Senar, mesmo informado através de sua Assessoria de Comunicação sobre os mal feitos na Faesp com recursos do Senar, se mantém mudo, deixando transparecer conivência com os escândalos que envolvem o “clã Meirelles” no comando da entidade”, afirma dirigente sindical rural da oposição.

Com Lula perto dos 80 anos, PT tem dificuldade em se renovar

Vanguarda do atraso: Ex ministro da Agricultura de Dilma Rousseff e ex-secretário do Ministério da Agricultura Nery Geller demitido pelo “Escândalo de Importação do Arroz”; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário responsável pela Conab que faria a importação; Tirso Meirelles cuja eleição como presidente da Faesp/Senar foi anulada pelo TRT-2; Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do Partido Comunista do Brasil; vice-presidente Geraldo Alckmin que declarou  “Depois de quebrar o Brasil, Lula quer voltar à cena do crime” e Carlos Fávaro, que criou a falsa narrativa de ter sido “desconvidado” para a cerimônia de abertura da Agrishow/23. Foto Divulgação/Agrishow

 

Já era esperado que o PT sofreria sua maior derrota em eleições no País e que os partidos de centro-direita conquistariam pelo menos 90% dos cargos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Perto dos 80 anos, aparentando cansaço, Lula não consegue se livrar de escândalos no seu entorno. A ministra do Meio Ambiente simplesmente despareceu em meio a maior crise climática da história do País.

 

Os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) são acusados de serem os responsáveis pelo escândalo da tentativa de importação de arroz através da Conab. Janja assumiu o lugar que caberia ao vice Geraldo Alckmin que se apequenou no governo. Ministros dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial passaram a ocupar as manchetes do noticiário policial. Lula chega aos 80 anos empacado e não demonstra mais nenhuma apetência para governar o País.

 

Sua situação remete a Fábio de Salles Meirelles que, nonagenário, tentou manter sua família no comando da Faesp através do seu filho Tirso, criando profundo constrangimento à maioria dos dirigentes sindicais rurais paulistas, mesmo aqueles que recebem maiores benefícios do que os outros, o que denota também a falta de isonomia nos investimentos dos recursos do Senar no Estado de São Paulo.

 

“Tenho vergonha quando encontro produtores rurais que nos cobram a renovação nos quadros da entidade. E, pior, quando nas reuniões familiares, filhos, netos e sobrinhos se mostram incrédulos com os escândalos envolvendo os Meirelles. Ora, nós produtores rurais, trabalhamos duro para garantir o sustento das nossas famílias. Não é justo que fanfarrões insistam em dar as ordens e falar em nome da nossa categoria. Somos éticos e honestos, ao contrário deles que se identificam com políticos corruptos e corruptores, os mesmos que deveriam estar condenados e presos mas acabam se beneficiando de artifícios jurídicos para se manterem no poder”, conclui dirigente sindical rural (Da Redação, 16/10/24)