Sucesso do agro nacional é fruto do trabalho de engenheiros agrônomos
Dia 12 de outubro é o Dia de Nossa Senhora Aparecida e também do Engenheiro Agrônomo, profissão escolhida por Fernando Penteado Cardoso, que teve uma vida extraordinária de intenso trabalho em prol do agro brasileiro.
A próxima terça-feira, 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida (padroeira do Brasil) e Dia das Crianças, é também o Dia do Engenheiro Agrônomo, este profissional tão importante como desconhecido da maioria da sociedade.
Toda gente reconhece o espetacular sucesso da agricultura e do agronegócio nacionais, e de maneira geral ele é atribuído às tecnologias tropicais sustentáveis aqui desenvolvidas, ao empreendedorismo de nossos produtores rurais e a algumas políticas públicas.
Mas não se faz a ligação das inovações tecnológicas com a figura dos cientistas que as desenvolveram, em grande parte os engenheiros agrônomos. Ou que são os profissionais de ciências agrárias que levam a tecnologia desenvolvida nos órgãos de pesquisa públicos ou privados e nas universidades para o campo, ensinam a aplicá-la, dando a indispensável assistência técnica para que a inovação traga resultados sustentáveis. Bancos que oferecem crédito rural, seguradoras, produtores de insumos e equipamentos, consultorias setoriais, todos dependem do trabalho destes profissionais porque são eles que conhecem a relação dos fatores de produção com os recursos naturais. Boa parte das políticas públicas passa pela avaliação e formulação destes especialistas.
Portanto, é extremamente relevante o papel estratégico e histórico do engenheiro agrônomo para o sucesso do agro, até porque os filhos dos produtores mais modernos buscam a formação agronômica tendo mesmo em vista a sucessão familiar no negócio.
Devemos homenagear estes heróis discretos e silenciosos na figura de um grande homem, Fernando Penteado Cardoso, nascido em setembro de 1914 e que nos deixou poucos dias antes de celebrar seu centésimo sétimo aniversário.
Foi uma vida extraordinária de intenso trabalho em prol do agro brasileiro. Formado pela “Luiz de Queiroz” da USP, em Piracicaba, foi o primeiro aluno da turma de 1936 e, já em 1942, tendo avaliado que a agropecuária cresceria demandando insumos modernos, fundava sua primeira empresa de fertilizantes, a F. Cardoso e Cia. Ltda. Em 1947, fundava e presidia uma importante e inovadora companhia do setor, a Manah. Inteligente, cunhou a frase que durante décadas esteve liderando campanhas publicitárias: “Com Manah, adubando dá”.
Ocupou inúmeros cargos na representação setorial privada: diretor de cooperativas, sindicatos, associações, sempre com uma visão clara de tecnologia como fator indispensável para o progresso sustentável. Também emprestou seu prestígio e sua colaboração ao setor público, tendo sido secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, presidente do IPT e membro de um sem número de conselhos institucionais. Teve presença internacional marcante, como membro do Conselho do Instituto Internacional para o Desenvolvimento de Fertilizantes, tendo sido fundador das Conferências Latino-americanas para Produção de Alimentos.
Empresário rural muito bem-sucedido, fundou e presidiu a Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável, dando testemunho de sua visão pioneira quanto a este tema que hoje domina o mercado agrícola global, a sustentabilidade.
Este homem famoso, conhecido internacionalmente por seu empreendedorismo e seu indomável espírito inovador, deixou outro legado impressionante, uma família numerosa de 6 filhos, 20 netos e 42 bisnetos, que liderou democraticamente e com zelo incomum. Fazia questão de manter a família unida, e essa sua marca registrada foi referida com muita emoção por vários de seus netos na missa de sétimo dia do seu passamento. Plantou o amor pela família a vida toda e colheu esse mesmo amor com grande fartura. Anualmente, organizava o Vovô Tur, quando alugava um ônibus e saía ensinando a netaiada a conhecer fazendas, indústrias, parques e museus, com uma infinita paciência e perfeita organização. Em seu livro autobiográfico – Agronomia, com paixão –, ele mesmo diz que sua história “é de amor à agronomia, ao trabalho, à família e à vida”.
Um herói da agronomia e do agronegócio brasileiro, que seguramente está nas planícies celestiais ensinando que, plantando, dá…(Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura é coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas; O Estado de S.Paulo, 10/102/21)