06/06/2025

Superávit comercial fica abaixo do esperado com maior importação em maio

Superávit comercial fica abaixo do esperado com maior importação em maio

Carne de frango em frigorífico em Itatinga (SP). Foto Paulo Whitaker Reuters

Exportação de aves já é impactada pela gripe aviária e tem queda no mês.

 

balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,24 bilhões (R$ 40,51 bilhões) em maio, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) divulgados nesta quinta-feira (5), em resultado que já apontou uma queda da exportação de aves diante das restrições à carne de frango brasileira em função da gripe aviária, em meio ao crescimento contínuo das importações.

 

O superávit para o mês ficou abaixo do projetado em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava expectativa de saldo positivo de US$ 8,29 bilhões.

 

Conforme a Secex, as exportações em maio atingiram US$ 30,16 bilhões (R$ 168,77 bilhões), com recuo de 0,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto as importações somaram US$ 22,92 bilhões (R$ 128,26 bilhões), uma alta de 4,7%.

 

No caso das aves, a quantidade exportada caiu 14,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, com os valores de exportação cedendo 12,9%, para US$ 655 milhões (R$ 3,66 bilhões).

 

"A redução de exportação de carne de ave em maio é explicada, sim, pela restrição à exportação brasileira por conta da ocorrência da gripe aviária", afirmou o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão.

 

Após o país registrar seu primeiro caso de gripe aviária em granja comercial, em meados de maio, cerca de 40 destinos importadores, incluindo a União Europeia, impuseram algum tipo de embargo à carne de frango do Brasil, seja total ou parcial.

 

Os embargos totais vieram de locais importantes como China, principal comprador no ano passado, África do Sul, o quinto importador em 2024, Filipinas, o sexto, União Europeia, o sétimo, México, o oitavo, e Iraque, o nono, de acordo com informações do governo e do setor privado.

 

ACUMULADO DO ANO

 

Os dados da Secex mostraram ainda que o saldo comercial acumulado no ano até maio foi positivo em US$ 24,43 bilhões (R$ 136,71 bilhões), 30,6% inferior ao verificado no mesmo período do ano passado.

 

O desempenho foi resultado de exportações de US$ 136,93 bilhões (R$ 766,23 bilhões), com queda de 0,9% sobre o mesmo período de 2024, contra importações de US$ 112,49 bilhões (R$ 629,47 bilhões), em alta de 9,2%.

 

Brandão destacou o fato de haver este ano um "deslocamento temporal" das exportações de soja e milho —dois importantes produtos da pauta exportadora brasileira.

 

"Embora a soja esteja com aumento de volume, o milho ainda não. Mas temos um efeito de deslocamento temporal. Tivemos uma plantação um pouco mais tardia nesta safra, que está sendo vendida agora, uma colheita e uma exportação mais tardia de soja e milho", comentou. "Este ano, os embarques vão acontecer mais nos próximos meses." (Folha, 6/6/25)