09/01/2018

Superávit mundial de açúcar deve favorecer produção de etanol no Brasil

Superávit mundial de açúcar deve favorecer produção de etanol no Brasil

 

 

Projeções apontam pequeno aumento no volume de cana processada na região Centro-Sul brasileira no ano safra 2018/19 frente ao anterior (2017/18). A mediana da série de projeções é de 586 milhões de toneladas, pouco superior ao do ano safra 2017/18, conforme indicam pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

 

Sobre o mix de produção da região Centro-Sul, a perspectiva é de que haja maior participação do etanol na destinação da cana-de-açúcar colhida em relação ao observado no ano safra 2017/18. Além dos preços internacionais de açúcar pouco remuneradores, a maior produção de etanol nesta temporada deve ocorrer devido à retomada do crescimento da economia brasileira – e o consequente aumento de consumo de etanol (lembrando que 85% da frota de carros e comerciais leves é flex) – e à maior liquidez proporcionada pelo etanol às unidades produtoras.

 

Segundo a OIA (Organização Internacional do Açúcar), a produção mundial do adoçante deve crescer próximo a 6%, comparativamente ao ano safra internacional 2016/17, gerando superávit de quase 5 milhões de toneladas e resultando em estoque superior a 1,5% em relação à temporada anterior. Estima-se superávit também para o ano safra internacional de 2018/19, previsto em 3 milhões de toneladas. O USDA (Departamento de Agricultura do Estados Unidos) é mais otimista, estimando superávit superior a 10 milhões de toneladas na safra 2017/18. Dessa forma, não se espera no curto prazo que o preço do açúcar se torne atrativo.

 

No atual ano safra do Nordeste (iniciado em setembro/17 e que deve ser finalizada em março/18), o volume de cana processada deverá ser de quase 45 milhões de toneladas, praticamente igual à do período anterior. Caso o esperado aumento de consumo de combustíveis se concretize, essa estabilidade da produção nordestina deverá abrir uma janela maior de venda do etanol das usinas da região Centro-Sul, especialmente de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, para o mercado nordestino. Espera-se que a cobrança de 20% de imposto para o etanol importado que exceder 150 milhões de litros por trimestre possa em alguma medida ampliar a mencionada janela.

 

Em termos de preços, com base nos dados da BM&FBovespa, os contratos futuros do etanol hidratado com vencimentos durante a entressafra devem ficar em patamares firmes até o início da próxima temporada. No dia 28 de dezembro de 2017, os contratos Janeiro/18, Fevereiro/18 e Março/18 tiveram ajustes de R$ 1.910,00/m3, R$ 1.895,00/m3 e R$ 1.895,00/m3, respectivamente.

 

Mesmo com mudanças mencionadas no mercado dos produtos sucorenergéticos, a maior parte dos agentes do setor espera estabilidade em termos de preço do ATR, comparando o ano safra 2017/18 ao 2018/19. Essa seria uma previsão conservadora, pois alguns apostam em ligeira alta.

 

Para este ano, espera-se avanço no que diz respeito à implementação do programa Renova Bio. Tem-se pela frente um trabalho grande a ser feito na definição das regras, tais como definição de métodos de quantificação de unidades de mitigação; assegurar que as diferenças de cada planta em relação a um padrão sejam mais reais; periodicidade e validade dos certificados etc. (Esalq/USP, 8/1