Suzano e Fibria se aproximam de fusão, estudam detalhes para união
As fabricantes de celulose Suzano e Fibria estão se aproximando de um entendimento para uma fusão de suas operações, com a saída da Votorantim do grupo de controle da Fibria, enquanto o BNDES ainda avalia o que fazer com sua parcela na companhia, afirmou nesta quinta-feira uma fonte graduada do banco de fomento com conhecimento das discussões.
“Pelas conversas nossa impressão é que as empresas realmente caminham para uma fusão e estão na fase de detalhes de como fazer para viabilizar”, afirmou a fonte.
Mais cedo, o jornal Valor Econômico publicou que Suzano e Fibria estão “perto de anunciar um acordo de combinação de seus ativos” e que uma das premissas para o negócio é a saída do grupo Votorantim do bloco de controle da Fibria, com a Suzano entrando em seu lugar.
A Reuters publicou no final de fevereiro que o BNDES apoiava a fusão das duas maiores produtoras de celulose de eucalipto do Brasil, diante da estratégia do banco de vender as participações de sua carteira para levantar recursos.
Procuradas pela Reuters nesta quinta-feira, Suzano, Votorantim e BNDES não se pronunciaram sobre o assunto.
Segundo dados da empresa de consultoria e engenharia Poyry, a união de Suzano e Fibria criará uma empresa com capacidade de produção de 11 milhões de toneladas, bem à frente da segunda maior fabricante mundial, a International Paper, que tinha capacidade de cerca de 5 milhões de toneladas em 2017. Segundo os dados da empresa, em 2017 a Fibria tinha capacidade de cerca de 7 milhões de toneladas, enquanto a Suzano possuía cerca de 4 milhões.
“As duas (Suzano e Fibria) ficariam com cerca de 25 por cento do mercado mundial”, disse o vice-presidente da Poyry na América Latina, Carlos Farinha. “Além de conseguirem sinergias significativas, a fusão poderá disciplinar os investimentos do setor em capacidade”, acrescentou.
O consumo mundial por celulose deve crescer de 68 milhões de toneladas em 2017 para 82 milhões até 2030, afirmou Farinha. A maior parte da expansão da indústria tem ocorrido na América Latina, enquanto a China tem sido a maior responsável pelo crescimento da demanda global, acrescentou.
A união de Suzano e Fibria “ainda não subiu para reunião de diretoria (do BNDES) para análise, mas em princípio achamos ótimo porque criará um grande grupo”, disse a fonte.
“O modelo está sendo desenhado pelas duas empresas. Como o BNDES vai participar ainda está em aberto, mas aqui, como o banco tem muitas obrigações, acho que seria a chance de levantar recursos uma vez que nosso caixa para o ano que vem vai precisar de dinheiro. E essa pode ser uma operação para dar reforço de caixa”, afirmou a fonte.
A Votorantim tem 29,4 por cento das ações ordinárias da Fibria, cerca 163 milhões de papéis. O BNDES possui outros 29,08 por cento, ou 161 milhões de ações. As ações da empresa subiam 6,4 por cento perto do fim do pregão, a 67,14 reais. Já as ações da Suzano tinham ganho de 4 por cento, a 22,84 reais (Reuters, 8/3/18)