24/05/2018

Telefônica, Ericsson e Raízen levam internet 4G a áreas descobertas

Telefônica, Ericsson e Raízen levam internet 4G a áreas descobertas

Todas as tecnologias colocadas à disposição dos produtores brasileiros para ajudar na estruturação eficiente das operações nas fazendas e elevar a eficiência das operações enfrentam uma barreira técnica difícil de ser superada: a falta de conectividade na zona rural do país. Não ter internet se tornou o maior entrave para a migração mais acelerada do campo para o mundo digital. Mas isso deverá mudar em breve – e, possivelmente, já em 2019.

Telefônica Brasil, Ericsson e Raízen anunciam nesta quarta-feira o início de uma parceria estratégica em Piracicaba (SP) que levará a internet 4G a áreas ainda descobertas pelas operadoras de telefonia. Em caráter inédito, o projeto-piloto vai operar com uma faixa de rádio mais baixa, de 450 MHz, ante a mais comum de 750 MHz, já utilizada em mais de 2 mil cidades do país. Será a primeira vez que essa frequência será aplicada ao campo.

“Com a frequência mais baixa conseguiremos uma abrangência muito maior, o que deverá viabilizar o modelo de negócio no campo, na medida que ele necessita de menos torres”, afirmou ao Valor Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Brasil, dona da marca Vivo. A expectativa é que as torres alcancem, com 450 MHz, entre 60 e 70 quilômetros de distância. Atualmente, não passam de 10 quilômetros.

Conforme as empresas, a intenção é trabalhar em testes ao longo deste ano para expandir as operações, já em caráter comercial, a partir de 2019 ou 2020. “Sendo bem-sucedido, vai para todo o país”, disse Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson no país. A incubadora EsalqTec, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), contribuirá com as pesquisas referentes a IoT (internet das coisas).
Para tanto, as empresas instalarão na fazenda da Raízen em Piracicaba, um dos polos de estudos agronômicos mais importantes do país, duas torres de transmissão. Um veículo móvel com um aparelho fará o mapeamento da cobertura, medindo quais pontos da fazenda recebem o sinal e quais ainda permanecem no vazio digital.

Segundo Navarro, da Telefônica, 95% da população brasileira já têm cobertura, mas a internet rural ainda é um gargalo importante. Ele não soube dizer qual o potencial de negócios para a Vivo – a maior operadora brasileira em cobertura. “Mas há um grande potencial de negócio”, admitiu. “Agora vamos testar o sucesso [da transmissão na faixa 450 MHz no campo]. Em Mato Grosso as chances de propagação são maiores devido à topografia – a região é plana. Em Minas Gerais é mais difícil porque os terrenos são montanhosos”, afirmou.

Uma pesquisa realizada no ano passado com cerca de 3 mil produtores brasileiros apontava que as conexões por 3G chegavam a somente dois em cada dez produtores rurais brasileiros. Sem conexão, os programas desenvolvidos para auxiliar os operadores a detectar problemas e agir, ou planejar com mais precisão o desenvolvimento da safra, ficam ainda limitados. Na maior parte dos casos, o que ainda se faz é sincronização: os dados são inseridos no tablet ou celular no campo e descarregados na sede, o único lugar onde a internet pega.

“Acreditamos que essa união – uma operadora, uma empresa de tecnologia, a indústria e a academia – vai fomentar esse ecossistema”, diz Navarro. “Estamos bastante animados com a parceria” (Assessoria de Comunicação, 23/5/18)