24/01/2025

Teor de etanol na gasolina em 30% reduziria preço do combustível em 0,4%

Teor de etanol na gasolina em 30% reduziria preço do combustível em 0,4%

Cálculos foram feitos considerando-se os valores dos combustíveis em São Paulo na semana encerrada em 11 de janeiro. Foto Fernando Frazão - Agência Brasil

 

Segundo análise do Itaú BBA, efeito do aumento da mistura na queda dos preços é maior para as distribuidoras.

 

O aumento do teor de etanol anidro na gasolina dos atuais 27% (E27) para 30% (E30), que está sendo testada pelas montadoras e pelo governo, tem potencial para reduzir o preço final da gasolina vendida nas bombas (gasolina C) em 0,4%, segundo projeção do Itaú BBA.

O banco estima que, num cenário de manutenção da atual mistura em 27%, o preço da gasolina C aos motoristas deve ficar em R$ 5,96 o litro no próximo ciclo sucroalcooleiro (de abril a março de 2026). Já um aumento do teor em 3 pontos percentuais reduziria esse valor ao motorista para R$ 5,94 o litro, segundo o banco.

 

O efeito do aumento da mistura na queda dos preços é maior para as distribuidoras. Segundo o Itaú BBA, o E30 faria o preço de compra da gasolina C pela distribuidora ser 0,6% menor.

 

Os cálculos foram feitos considerando-se os valores dos combustíveis em São Paulo na semana encerrada dia 11 de janeiro, quando o preço do etanol anidro estava em R$ 3,20 o litro, e o da gasolina A estava em R$ 3,95 o litro.

 

Ainda segundo o Itaú BBA, o aumento da mistura do etanol anidro deve apenas deslocar a produção do hidratado para o aditivo, sem mudar a oferta total de etanol, que deve ser limitada pela produção de açúcar.

 

Na projeção do banco, o aumento da mistura para 30% elevaria o consumo de etanol anidro na safra 2025/26 em 1,8 bilhão de litros, para 14,7 bilhões de litros, enquanto o consumo de etanol hidratado (que compete com a gasolina) seria 1,9 bilhão de litros menor, de 15,7 bilhões.

 

Em comparação à safra atual, o volume de consumo esperado do etanol hidratado no cenário de E30 é 22% menor do que na safra atual, enquanto a demanda pelo anidro deve ser 23% maior.

 

Independentemente do nível de mistura, o banco estima que o etanol hidratado deve perder competitividade em relação à gasolina neste novo ciclo, ficando acima dos 70% em que o biocombustível e a gasolina C se equivalem em rendimento energético nos motores.

 

Consumo

 

No cenário de uma mistura em 27%, a diferença de preços iria para 72%, e no cenário de uma mistura de 30%, iria para 74%. Atualmente, o etanol hidratado vendido nas bombas em São Paulo está em 67% do preço da gasolina.

 

As estimativas de consumo levaram em consideração um crescimento de 2,3% na demanda pelo ciclo Otto (combustíveis para veículos leves).

 

O Itaú BBA estima que a produção total de etanol será 3,2% menor do que na safra atual (2024/25), em 33,4 bilhões de litros. O aumento da produção de etanol de milho deve compensar em boa parte a menor produção a partir da cana. A participação do etanol feito do grão deve subir dos atuais 23% para 29% na próxima safra (Globo Rural, 23/1/25)