17/03/2025

Tereza Cristina: Lula destinar R$ 750 mi ao MST é “medida eleitoreira”

Tereza Cristina: Lula destinar R$ 750 mi ao MST é “medida eleitoreira”

Senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da agricultura e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura. Foto Wilton Junior

 

Ministério do Planejamento remanejou despesas da proposta do orçamento de 2025 para contemplar o MST em duas frentes: aquisição de alimentos da agricultura familiar e Fundo de Terras e da Reforma Agrária. Em resposta à Coluna, Ministério do Desenvolvimento Agrário diz que seu orçamento é voltado para todos os públicos da agricultura familiar e da reforma agrária

 

A decisão do governo Lula de remanejar despesas no Orçamento de 2025 para contemplar o Movimento dos Sem-Terra (MST) foi mal recebida pela bancada do agro no Congresso Nacional e levantou questionamentos sobre o interesse da gestão petista com a medida. As indagações foram verbalizadas pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura. “Me parece uma medida eleitoreira”, afirmou à Coluna do Estadão.

 

Quatro dias depois de o presidente Lula visitar pela primeira vez no atual mandato, um assentamento do MST, o Ministério do Planejamento enviou à Comissão Mista de Orçamento (CMO) e ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP) na terça-feira, 11, as mudanças orçamentárias. A alteração garante R$ 750 milhões ao MST em duas frentes: para aquisição de alimentos da agricultura familiar e para o Fundo de Terras e da Reforma Agrária.

 

“A agricultura é uma só, para o grande, para o médio, para o pequeno. Então, você não contemplar a grande agricultura com o seguro rural, por exemplo, e dar para o MST. Por que não dar para toda a agricultura familiar desse País? Tem uma gama enorme de agricultores familiares no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Santa Catarina, em Minas Gerais, enfim, outros, no meu estado (Mato Grosso do Sul). Assim, dirigido para o MST, isso me parece uma medida eleitoreira”, ressaltou.

 

Tereza Cristina sobre Governo Lula destinar no orçamento R$ 750 milhões que atendem ao MST: ‘medida eleitoreira’

Ministério do Planejamento remanejou despesas da proposta do orçamento de 2025 para contemplar o MST em duas frentes

 

Em resposta à Coluna, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), responsável pelas políticas de assentamento para os sem-terra, disse que seu orçamento é voltado para todos os públicos da agricultura familiar e da reforma agrária.

 

Tereza Cristina disse não ter conhecimento da produção agrícola do MST. “Falam em produção de arroz orgânico no Rio Grande do Sul, mas uma produção pequena. Nada contra. Eu acho que nós temos que incentivar. Eu sou contra a forma que estão fazendo, dando para o MST. Tem que dar para toda a agricultura familiar”, reforçou. “Todos têm o mesmo direito, todos merecem ter mais recursos para produzir, para participar do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) para participar do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Então, me assusta ver uma coisa dirigida para o MST”, continuou.

 

Vice-presidente da FPA, Tereza Cristina pediu informações à Comissão Mista do Orçamento e a bancada do agro avalia como vai se posicionar na votação do projeto de lei. O relator da matéria, senador Angelo Coronel (PSD-BA), quer apresentar o relatório final com os ajustes propostos pelo governo neste domingo, 16.

 

O governo remanejou ao todo quase R$ 40 bilhões na peça orçamentária de 2025 para contemplar novas prioridades, como o caso do MST. Para isso, indicou cortes em outros programs, por exemplo no Bolsa Família, que teve redução de R$ 7,7 bilhões. Segundo a equipe econômica, é parte do pente-fino feito no programa e em outras transferências do governo.

 

“Provavelmente vamos seguir as diretrizes do orçamento do Poder Executivo. Como o orçamento não é do Congresso é do Poder Executivo, então nada como eles indicarem onde deveremos cortar”, afirmou Angelo Coronel.

 

A expectativa no Congresso é de que o Orçamento Geral da União de 2025 comece a ser votado na terça-feira, 18 (Estadão, 15/3/25)