12/03/2018

Térmicas a carvão renascem das cinzas com dinheiro do BNDES

Térmicas a carvão renascem das cinzas com dinheiro do BNDES

O carvão vai sair do index do BNDES. O banco iniciou estudos para retomar o financiamento de termelétricas desta modalidade, praticamente banidas na gestão de Maria Silva Bastos. O projeto em discussão passaria pelo lançamento de um programa de renovação do parque térmico a carvão no país, cuja capacidade instalada caiu de 1,7 mil MW para 1,2 mil MW no intervalo de um ano devido ao fechamento de plantas obsoletas.

 

O assunto já está sendo tratado com investidores do setor, representados pela Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM). Segundo o RR apurou, o presidente da ABCM, Fernando Luiz Zancan, teria tido dois encontros recentes com o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. Procurado, o banco confi rmou ter recebido propostas da ABCM, que ainda serão "apreciadas em reuniões internas para avaliação de alternativas."

 

A proposta principal dos investidores é complexa: a substituição de todo o parque gerador por seis novas térmicas de 350 MW cada uma, ao custo total de US$ 5 bilhões. O argumento é que é mais barato recomeçar do zero do que apostar nas plantas em operação, em sua maioria com alto grau de obsolescência. Como contrapartida, além da perspectiva de redução do custo da energia, com a construção de usinas mais eficientes, a proposta chega revestida por um apelo ambiental.

 

As térmicas seriam construídas com tecnologia de captura de carbono. Até onde é possível separar uma coisa da outra, a suspensão dos financiamentos a térmicas a carvão se deu mais por uma decisão de diretoria do BNDES do que por uma política de governo. O próprio Plano Decenal de Expansão de Energia, da Empresa de Pesquisas Energéticas, prevê o aumento da oferta de energia a carvão de 20% entre 2016 e 2026.

 

Em que pese o risco ambiental, maior fator para a anatematização do mineral, dois pontos estimulam o aumento dos investimentos no setor: as expressivas reservas da matéria-prima no país e o fato de se tratar de uma energia não indexada a moeda estrangeira (Relatório Reservado, 9/3/18)