01/11/2019

Trabalhador rural envelhece no mundo e jovem se afasta do campo

Trabalhador rural envelhece no mundo e jovem se afasta do campo

Legenda: Produtor de soja, ao lado de netos, avalia lavoura no Meio-Oeste dos EUA

 

População agrícola com idade inferior a 35 anos recua para 11% no Brasil.

Os agricultores envelhecem no mundo todo e os substitutos nas suas aposentadorias ficam cada vez mais escassos.

O Brasil, uma das agriculturas mais jovens, e que só agora começa a ganhar escala para enviar alimentos para o mundo todo, não fica isento a esse fenômeno.

Em 2017, o Censo Agropecuário apurou que 71% dos produtores brasileiros tinham mais de 45 anos, um percentual superior ao da União Europeia, que é de 70%. Nos Estados Unidos, essa faixa etária é ainda maior: 80%.

Considerados apenas os que têm 65 anos ou mais, a liderança fica com os Estados Unidos, onde pelo menos 34% dos trabalhadores já superaram essa faixa etária. Na União Europeia são 31%, e no Brasil, 23%. Em 2006, essa faixa etária somava 18% no país.

A substituição dos trabalhadores que vão se aposentar fica cada vez mais complicada. No Brasil, 11% da população do campo têm menos do que 35 anos. Nos Estados Unidos, esse patamar é de 8%, e na União Europeia, de 6%.

O censo brasileiro mais recente mostrou um dado preocupante. Em 2006, os jovens com menos de 25 anos representavam 3,3% do quadro de trabalhadores no campo. Em 2017, eram apenas 1,98%.

Tecnologia e máquinas vão fazer boa parte do trabalho dos agricultores que deixam a atividade, mas os dados do censo no Brasil mostram que  cai o número dos que recebem orientação técnica.

Além disso, os novos tempos são de adoção de tecnologia, mas 73% do total de produtores brasileiros possuem, no máximo, o ensino fundamental.

Essa evolução do quadro de trabalhadores para uma idade mais avançada impõe a necessidade de incentivos para a integração de jovens no comando das atividades, segundo José Gasques, coordenador-geral de avaliação de política e informação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.

O sistema produtivo atual visa muito a produtividade, mas, para garantir essa evolução, são necessários gestores. Eles deverão estar atentos não somente às novas tecnologias, mas também à evolução constante do setor.

Embora muitos jovens já estejam assumindo o lugar dos pais, a falta de mão de obra qualificada e a ausência de benefícios, como lazer e assistência médica e educacional, podem inibir a permanência ou o retorno deles ao campo (Folha de S.Paulo, 31/10/19)