09/06/2023

Trigo: Análise Conjuntural Agromensal Maio/23 Cepea/Esalq/USP

Trigo: Análise Conjuntural Agromensal Maio/23 Cepea/Esalq/USP

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Em maio, os produtores brasileiros de trigo estiveram focados na semeadura da nova safra, que está avançando no País. Estimativas indicam que a área nacional com o cereal deve crescer em 2023. No entanto, a produção pode ser inferior ao recorde registrado em 2022, devido à possibilidade de menor produtividade da nova safra.

 

De acordo com dados divulgados pela Conab em maio, a área com trigo deve aumentar 7% no Brasil, para 3,3 milhões de hectares, impulsionada principalmente pelo crescimento de 12,5% previsto para o Paraná. As áreas com trigo também devem aumentar na Bahia, em Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais. Já para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e São Paulo, estimativas apontam manutenção de área.

 

Por outro lado, para a produtividade, a previsão é bem menor que a registrada na temporada passada, ficando, na média nacional, em 2,9 t/ha, recuo de 15,4%. Com isso, por enquanto, a oferta nacional de trigo está estimada em 9,6 milhões de toneladas, 9,4% inferior à da temporada passada, que foi recorde.

 

Além disso, a Conab estima importação de 5,6 milhões de toneladas e exportação de 2,6 milhões de toneladas. O consumo está projetado em 12,42 milhões de toneladas, 0,2% maior que a estimativa para 2022. A disponibilidade interna está prevista em 16,44 milhões de toneladas, recuo de 0,2% em comparação a 2022. Assim, os estoques finais, em julho/23, seriam de 1,42 milhão de toneladas.

 

PREÇOS

Os preços do trigo recuaram em maio nos mercados doméstico e externo. No Brasil, os valores foram influenciados pela demanda enfraquecida e pelo avanço da semeadura da próxima safra, enquanto no mercado internacional, a pressão veio do aumento das estimativas de produção na Rússia e, principalmente, da renovação – por mais 60 dias – do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro entre Rússia e Ucrânia, a expirar no dia 18 de julho. Em maio, o preço médio do trigo no mercado disponível do Paraná foi de R$ 1.448,82/t, queda de expressivos 9,2% frente ao de abril/23 e 28,8% menor que o de maio/22.

 

No Rio Grande do Sul, a média de maio foi de R$ 1.294,86/tonelada, baixa de 8,6% no mês e expressivo recuo de 35,3% em um ano. Em São Paulo, a média mensal fechou a R$ 1.564,48/t, quedas de 8,5% em relação a abril e de 22,1% em um ano.

 

Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.461,45/t, redução de 7% frente à de abril/23 e 26,2% inferior à de maio/22. Em termos reais, os valores de maio/23 são os menores deste ano.

 

BALANÇA COMERCIAL

De acordo com dados preliminares da Secex, nos 22 dias úteis de maio, as importações de trigo somaram 283,5 mil toneladas, contra 533,2 mil toneladas em maio/22. Em relação ao preço de importação, a média de maio/23 foi de US$ 333,7/t FOB origem, 2,6% abaixo da registrada em maio/22 (de US$ 342,7/t).

 

Quanto às exportações, o Brasil embarcou apenas 70,8 mil toneladas em maio, contra 107,9 mil toneladas em maio/22, segundo a Secex. Os preços de exportação registraram média de US$ 313,4/t FOB porto na parcial do último mês, 11,1% abaixo do de maio de 2022 (US$ 352,7/t).

 

MERCADO EXTERNO

Em termos globais, o USDA estima a produção de 2023/24 em 789,8 milhões de toneladas, 0,2% superior à da temporada 2022/23, com altas representativas apontadas para Argentina, Índia e União Europeia. Por outro lado, o USDA estima consumo mundial de 791,7 milhões de toneladas em 2023/24, sendo 0,4% inferior ao de 2022/23.

 

Com isso, os estoques finais podem somar 264,3 milhões de toneladas, queda de 0,7%, no mesmo comparativo. Em relação às exportações da safra 2023/24, o USDA prevê volume de 212,5 milhões de toneladas transacionadas, 0,2% inferior ao da safra 2022/23, com Rússia, União Europeia e Canadá como principais exportadores.

 

Vale ressaltar que as exportações da Austrália e da Ucrânia devem recuar de forma expressiva, com volumes 8 milhões e 5 milhões inferiores à safra anterior, respectivamente. No mercado externo, a baixa do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago foi de expressivos 7,1%, em comparação a abril/23, com médias de US$ 6,1669/bushel (US$ 227,70/t) para o Soft Red Winter na CBOT.

 

Na Bolsa de Kansas, o contrato Maio/23 do trigo Hard Winter cedeu apenas 0,3% em maio, com média de US$ 8,4773/bushel (US$ 311,49/t) para o Hard Winter em Kansas. A baixa foi influenciada por chuvas em regiões produtoras dos Estados Unidos e pela proximidade da colheita naquele país (Assessoria de Comunicação, 7/6/23)