Trigo: Impacto das geadas no PR é pontual: no RS, frio favorece as plantas
A massa polar que provocou geadas na Região Sul a partir de domingo (18) não deve comprometer o desenvolvimento da maior parte das lavouras de trigo no Paraná e no Rio Grande do Sul, segundo produtores e técnicos agrícolas. Na avaliação deles, o impacto das geadas sobre a produtividade do trigo paranaense tende a ser pontual, já que uma área ainda pequena está em floração, fase em que o fenômeno pode ser prejudicial. Já no Rio Grande do Sul, onde a lavoura é instalada mais tarde, as geadas não afetam o desenvolvimento vegetativo da planta. E as temperaturas bem baixas são benéficas para a boa evolução da safra.
No Paraná a maior parte das lavouras, 90%, se encontra em desenvolvimento vegetativo, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Outros 9% das lavouras, equivalente a cerca de 100 mil hectares, estão em fase suscetível ao gelo. "Boa parte dessa área está no extremo norte do Estado, área menos atingida pelas geadas. Já no oeste, sudoeste e centro-Oeste, provavelmente, algumas áreas que estavam mais adiantadas foram prejudicadas", diz o coordenador da Divisão de Estatísticas do Deral, Carlos Hugo Godinho.
Nesta semana foram registradas geadas nos municípios de Cascavel, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Guarapuava, Ivaiporã e Irati. Técnicos do Deral afirmam que na região de Ivaiporã pode haver redução do potencial de rendimento nos talhões que iniciavam a fase de emborrachamento. Áreas adiantadas de Londrina e Cornélio Procópio também podem ter danos mais críticos. O Deral está avaliando a situação no campo e os possíveis efeitos devem ser mensurados em torno de uma a duas semanas após a ocorrência do fenômeno. Alguns reflexos sobre produtividade e qualidade das plantas podem ser contemplados no relatório mensal de produção e área do Departamento, que será divulgado no dia 29.
A Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) também está buscando informações sobre os eventuais impactos na cultura junto às cooperativas filiadas. "As geadas aparentemente não prejudicaram as lavouras de trigo no Estado. Caso tenha algum prejuízo será muito pequeno", conta o gerente de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Flávio Turra.
No entanto, produtores demonstram receio diante da perspectiva de formação de geada no Estado na quinta e na sexta-feira. O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Estado (Simepar) alerta para a possibilidade de nova ocorrência do fenômeno nas próximas 24 horas a 48 horas no Estado. A previsão é de geadas de fraca intensidade que poderão ocorrer entre o sul e centro-sul do Paraná.
No Rio Grande do Sul, as plantações das principais áreas tritícolas do Estado foram cobertas por gelo, contudo as plantas ainda estão em fase de gramíneas. Neste momento, as geadas ajudam a evitar doenças como fungos nas plantas e contribuem para o controle de pragas e insetos nas lavouras. "Nesta fase, o frio é muito bom. Quanto mais frio, melhor é o perfilhamento da planta", aponta o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, Hamilton Jardim. Ele acrescenta que, até o momento, não há relatos de prejuízos nas lavouras tritícolas gaúchas em decorrência das geadas.
O diretor técnico da Emater-RS/Ascar, Alencar Rugieri, também afirma não haver relatos de problemas nas plantações até o momento. Segundo a Emater, mais de 94% da área prevista para o Estado, de 1,12 milhões de hectares, foi semeada (Broadcast, 22/7/21)