Um bônus para o Brasil - Por Luiz Carlos Trabuco Cappi
BANDEIRA DO BRASIL Foto Blog Canal Rural
As metas ambientais são uma janela de oportunidade para o País, que tem recursos naturais, como sol e vento, para ambicionar liderança global na transformação da matriz energética.
O interesse na questão climática aumenta na medida em que vivenciamos no cotidiano fenômenos extremos cada vez mais frequentes de seca prolongada, como a que se abate na Argentina, incêndios florestais, a exemplo do Canadá e seus reflexos nos EUA, e enchentes em dimensões inéditas.
A preocupação em relação ao meio ambiente é bem antiga. Já em 1833, o economista William Forster Lloyd lançou a teoria da “tragédia dos comuns”. Tratava do uso de pastagens públicas. Por serem comuns, os pastores não adotavam cuidados relativos ao seu manejo. Em consequência, com o tempo, os pastos se esgotavam.
A explicação é de que os indivíduos tendem a maximizar interesses próprios em prejuízo da coletividade. O conceito foi apropriado pelos ambientalistas, e se tornou conceito base para analisar a interação complexa entre a atividade econômica, os interesses individuais e o meio ambiente.
Ganha corpo desde então a importância do estabelecimento de regras de convivência entre produção e preservação. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura da Terra não para de subir. Essa escalada ganhará força no segundo semestre com o fenômeno El Niño. Projeta-se aumento da temperatura do Oceano Pacífico, ou seja, mais derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, bem como desequilíbrio no regime de chuvas e estiagem.
Os prejuízos econômicos são relevantes. De acordo com a revista Science Advances, a economia global sofreu prejuízos da ordem de US$ 16 trilhões desde 1990 em razão das mudanças no clima.
Entre os vários compromissos globais existentes, o Acordo de Paris, de 2015, assinado por 195 países, é a referência. Com metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa e preservação ambiental, o cumprimento dessa agenda tem dificuldades.
Brasil tem vantagens no meio ambiente: sol o ano inteiro, ventos constantes, tecnologia do etanol consolidada e áreas florestais. Foto: Felipe Rau/Estadão
Somente esforços conjuntos do poder público e da iniciativa privada podem mudar tendências. As metas ambientais são uma janela de oportunidade para o Brasil, que pode ambicionar posição de liderança global na transformação da infraestrutura da matriz energética. Temos sol o ano inteiro, ventos constantes em muitas regiões, a tecnologia do etanol aqui é consolidada e nossas áreas florestais são imensas e diversificadas.
O potencial para atração de investidores globais é um novo bônus de desenvolvimento acelerado para as próximas décadas. Muitos fundos e governos estrangeiros têm expectativas sobre um projeto ambicioso do Executivo e do Legislativo, com a participação da iniciativa privada, cientistas ambientais e ONGs (Estadão, 18/6/23)