Uma tragédia incalculável no Rio Grande do Sul - Por Lygia Pimentel
Cheia no campo atingiu produtores e seus meios de sustento. Foto Anadolu Getty Images
Perdas são grandes em vidas e na produção do estado gaúcho, que hoje tem inúmeras fragilidades.
Estamos acompanhando estarrecidos a catástrofe que acomete o Rio Grande do Sul. O cenário é o de uma verdadeira guerra. De acordo com a Defesa Civil, em boletim divulgado em 9 de maio, 428 das 497 cidades gaúchas foram afetadas pelas chuvas, o que significa que 86% dos municípios foram atingidos, contabilizando 1,48 milhão de afetados, mais de 165 mil pessoas desalojadas, 107 mortos e 136 desaparecidos.
Neste cenário, a população enfrenta gravíssimos problemas como falta de estrutura de resgate, além de dificuldades logísticas que impedem o abastecimento e o escoamento, inclusive de água potável e outros produtos básicos.
Há também problemas como falta de energia, falta de medicamentos, isolamento, leitos insuficientes para desabrigados e falta de informações sobre desaparecidos.
Vale destacar que os prejuízos ainda estão sendo contabilizados e que a população ainda precisará lidar com desafios como o frio que se aproxima e a reconstrução após os níveis das águas baixarem.
Pelo lado da produção há grandes perdas registradas em importantes regiões produtoras de alimentos. Aproximadamente 54% da produção gaúcha de bovinos está localizada nas regiões afetadas.
Também podemos mencionar 55% da produção de suínos e 63% da produção de aves. No caso da soja, as perdas são inicialmente estimadas entre 2 e 2,5 milhões de toneladas.
Já no caso do milho, apesar de os municípios afetados representarem cerca de 48% da produção gaúcha, As perdas nas lavouras do cereal apresentam menor potencial, inicialmente estimadas entre 500 e 700 mil toneladas.
Seguimos em orações e contribuição com os nossos irmãos gaúchos (Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone; Forbes, 13/5/24)