14/02/2018

Usina de etanol de milho foi avaliada, mas era inviável, diz diretor

Usina de etanol de milho foi avaliada, mas era inviável,  diz diretor

O diretor financeiro e de relações com investidores do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato, admitiu há pouco, em teleconferência com analistas, que a companhia avaliou a produção de etanol de milho, mas que o projeto é inviável no momento. Segundo ele, a companhia estudou o projeto para a unidade de Boa Vista (GO), onde existe uma oferta grande do cereal, mas a decisão interna foi de que "não fazia sentido a companhia fazer investimento" na unidade. Vicchiato explicou que o principal motivo foi que não havia garantias de que o custo do milho permaneceria rentável durante o período de pagamento do projeto, caso fosse instalado.

O executivo reafirmou que a safra 2018/19 deve ser alcooleira, já que os preços do etanol estão entre 20% e 25% maiores em relação aos do açúcar. "Para mudar a estratégia e produzir mais açúcar, o preço teria de subir 20%", afirmou. Esse discurso não se aplicaria, segundo ele, se o preço do etanol cair na mesma proporção, pois a alta na demanda traria rapidamente a recuperação dos preços do biocombustível.

Sobre o açúcar, Vicchiato disse que os preços da commodity não devem voltar aos preços de 18 cents por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), mas também não devem permanecer no nível atual, entre 13 cents e 14 cents. "Acreditamos em preços do açúcar entre 15 e 16 cents na safra", afirmou (Broadcast, 9/2/18)


Lucro da São Martinho cresce 3 vezes

O aumento das vendas de açúcar, etanol e energia elétrica, combinado a uma estratégia de redução de custos, rendeu ao grupo São Martinho um lucro líquido de R$ 168,483 milhões no terceiro trimestre da safra 2017/18, o triplo do resultado do mesmo período do ciclo anterior e maior até que o lucro acumulado nos três primeiros trimestres da safra 2016/17 (de R$ 164 milhões).

"Foi uma vitória operacional do que temos apostado em gestão de custos e eficiência", afirmou Fábio Venturelli, CEO da companhia, que em recente encontro com analistas detalhou investimentos em tecnologia para enxugar custos nas próximas safras.

As quatro usinas da companhia encerraram a moagem da temporada atual com 15% mais cana do que na safra anterior, somando 22,206 milhões de toneladas, e um teor de açúcar (ATR) 7,3% superior, de 139,8 quilos por tonelada de cana. Com mais matéria-prima, a São Martinho pôde elevar a produção sucroalcooleira e ainda aproveitar os melhores preços de açúcar e energia no último trimestre.

Mais volumosas, as vendas de açúcar – produto que responde pela maior parte do faturamento – somaram R$ 410,485 milhões, enquanto as vendas de etanol hidratado – mais contidas na primeira metade desta safra – renderam 75% mais do que no mesmo trimestre da temporada passada.

"[O aumento ocorreu] apesar dos preços de etanol estarem piores do que no mesmo trimestre do ano passado", observou. Embora os preços do biocombustível nos postos tenham subido ao longo do trimestre, sobretudo em dezembro, o valor líquido recebido pelas usinas foi menor porque a carga tributária aumentou, explicou.

Houve ainda forte contribuição da receita de vendas de energia elétrica, ressaltou Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho. O preço médio da energia vendida pela empresa subiu 40%, para R$ 230,70 o megawatt-hora (MWh), impulsionado pela alta da energia no mercado livre. Além disso, a consolidação da Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO) – antes compartilhada com a Petrobras – ajudou a melhorar os volumes vendidos.

Dessa forma, a receita líquida subiu 21,7%, para R$ 899,679 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 45,6%, a R$ 497,440 milhões.

A expectativa é que o desempenho operacional seja mais forte neste último trimestre, já que a São Martinho ainda tem 35% da produção do execício a vender. Os estoques no fim do último trimestre eram bem maiores que um ano antes. Só de etanol hidratado havia 172,860 milhões de litros, alta de 244,8%.

Esse aumento dos estoques demandou mais capital de giro, o que elevou a dívida líquida para R$ 2,954 bilhões, aumento de 14,3%. Como o resultado operacional cresceu em maior proporção na comparação anual, porém, a alavancagem encerrou o trimestre em 1,61 vez, ante 2,09 vezes no mesmo trimestre da safra passada (Assessoria de Comunicação, 9/2/18)