Uso do biodiesel nas termoelétricas
CFS alerta sobre sensibilidade de oxidação do biodiesel e degradação térmica
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualmente o Brasil dispõe de 4.916 empreendimentos de geração elétrica em ação. A potência instalada de geração de energia elétrica está dividida em: hidrelétrica: 64%; termoelétrica, 27,5%; eolielétrica 7,9%; e solar 0,6%.
No mundo, as usinas termoelétricas são as principais fontes de geração de energias e são 50% mais caras do que as hidrelétricas e com potencial poluente maior por emitir uma grande quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, podendo causar graves problemas respiratórios. Uma das alternativas para minimizar este problema é o uso de produção de energia com recursos renováveis, como por exemplo, os biocombustíveis.
Porém, no primeiro trimestre deste ano, das 3.002 usinas termoelétricas ativas no Brasil apenas três utilizaram biocombustíveis como fonte de energia. ”O país precisa se conscientizar sobre a importância da sustentabilidade. As empresas, que investirem na proteção do meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas, terão maior valor agregado ao seu produto. O uso do biodiesel nas termoelétricas é uma necessidade emergente”, afirma o gerente de negócios para biodiesel da Camlin Fine Sciences (CFS) para América do Sul, Federico Sakson.
Este cenário é bem diferente em países da Europa, Ásia e América do Norte, onde a utilização de fontes renováveis no setor de geração de energia tem crescido cada vez mais por conta de incentivos como remuneração atrativa do excedente de energia injetada na rede e formas atraentes de financiamento do investimento. O objetivo é a redução de emissões de poluentes e da dependência do petróleo, hoje utilizado em mais da metade das usinas termoelétricas do país.
Biodiesel no Brasil
Em junho deste ano, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a redução de 10,1% nas emissões de gases de efeito estufa até 2028, no âmbito da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Para Aprobio – Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil – é uma meta audaciosas, mas factível, principalmente pelo potencial do Brasil em produzir biocombustível, como etanol e biodiesel. De acordo com a Aprobio, a previsão é de que o mercado dobre de tamanho até 2028 e o Brasil produza e consuma 11,1 bilhões de litros, passando a adotar a mistura de 11% de biodiesel em 2020 e chegando a 15%, o B15, em 2024.
Sakson acredita que o Brasil deve aproveitar o incentivo à produção de biodiesel para melhorar a distribuição de energia do país seja no sistema elétrico interligado ou em cargas isoladas, levando energia a regiões não servidas por linhas de transmissão. Fatores estes que agregam mais valor ao produto. “O mesmo motor diesel – utilizado num veículo automotivo – pode ser acoplado a um gerador de eletricidade e ser utilizado em pequenas centrais de geração que podem servir para fornecer eletricidade às comunidades isoladas ou que não estejam conectadas ao sistema elétrico interligado”, comenta. As perdas na transmissão e distribuição de energia representam cerca de 17,5%, sendo 4% durante o processo de transmissão e 13,5% durante a distribuição.
A utilização de biodiesel em pequenas centrais de geração não compete com a geração centralizada. Ela apenas complementa o sistema e aumenta sua confiabilidade, pois pode atuar como reserva de energia, servindo também como fornecimento de emergência.
Aditivos para biodiesel
Devido a sua estrutura química o biodiesel pode ser muito sensível à oxidação e à degradação térmica, principalmente, os que são produzidos a partir de gorduras insaturadas, como óleos vegetais. Ou seja, eles tendem a oxidar e degradar com maior rapidez do que o combustível gerado de gorduras saturadas como as de animais. Os processos que removem os antioxidantes naturais do óleo – como branqueamento, desodorização ou destilação – e o mal armazenamento também são capazes de acelerar a oxidação.
Portanto, o biodiesel não deve ser armazenado ou transportado em cobre, latão, bronze, chumbo, estanho ou zinco, e sim em recipientes feitos de alumínio, aço, polietileno fluorado, polipropileno fluorado, Teflon® ou fibra de vidro. Para evitar todo este processo, é preciso que o armazenamento seja realizado corretamente, pois o calor, a luz solar e o oxigênio também são fatores que aceleram a degradação.
Além de todos estes cuidados, é importante ter um aditivo de estabilidade, como o antioxidante, na produção e armazenamento do biocombustível. “A sensibilidade varia de acordo com as matérias-primas. As reações de oxidação e polimerização levam à formação de ácidos orgânicos e depósitos que afetam os filtros internos do motor e a bomba de combustível”, explica Federico (O Petróleo, 15/12/18)