01/02/2019

Vale: Desastre terá efeito profundo, mas impacto econômico será limitado

Vale: Desastre terá efeito profundo, mas impacto econômico será limitado

Segundo agência, acidente deve aumentar o risco reputacional da mineradora; Moody's colocou nota da empresa em revisão para rebaixamento.

Mesmo sem saber a extensão dos danos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), o desastre terá um efeito profundo na Vale, avaliou a agência de risco Moody's em relatório nesta quinta-feira (31).

Vale recuperou valor de mercado após tragédia de Mariana

A agência colocou a nota de crédito da mineradora em revisão para possível rebaixamento, após a Fitch cortar o rating da empresa após o acidente. Hoje, a Moody's classifica o rating da Vale em Baa3.

Segundo o relatório, o efeito econômico direto do desastre será limitado, uma vez que a mina do Córrego de Feijão responde por menos de 2% da produção anual total de minério de ferro da Vale, de 390 milhões de toneladas.

Contudo, a Moody's acrescenta que o rompimento da barragem deve aumentar as responsabilidades ambientais, administrativas, criminais e civis, além do sério risco reputacional para a maior produtora global de minério de ferro", diz a agência.

Dano ambiental e social

Embora o dano ambiental do acidente em Brumadinho seja muito menor que o da barragem em Mariana (MG), ocorrido há três anos, o dano social do desastre que ocorreu na semana passada é muito mais grave, com um número de mortes bem superior, avalia a agência de risco.

A Vale estima que a quebra ambiental na mina de Córrego do Feijão será menor do que na Samarco, porque o volume de rejeitos vazou muito menor.

"As penalidades financeiras relacionadas ao colapso da barragem podem ser ainda maiores do que as da Samarco, com base no número de mortes e no recente colapso da barragem da Samarco", afirma o relatório.

Enquanto a Samarco também era da BHP Billiton, a Vale terá responsabilidade exclusiva no novo acidente, aponta a agência de risco.

A Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de mais R$ 800 milhões nas contas da Vale S.A. para assegurar pagamentos e indenizações trabalhistas a vítimas do rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho. Ao todo, a Vale já teve cinco bloqueios de recursos, totalizando R$ 12,6 bilhões.

Agora, escritórios nos EUA entraram com ações coletivas contra a mineradora por danos aos seus acionistas.

A empresa também suspendeu o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio (remuneração aos acionistas) e de remuneração variável (bônus) aos executivos da empresa.

A Vale é a maior produtora e exportadora global de minério de ferro. Fundada em 1942 e privatizada em 1997, ela começou como uma empresa pública denominada "Companhia Vale do Rio Doce", em Minas Gerais.

Em 2017, a empresa registrou produção recorde de 366,5 milhões de toneladas de minério de ferro, a maioria exportada para a China. A Vale também explora níquel, cobre e outros metais.

Com 76,5 mil funcionários, a companhia atua em 30 países e diversificou seus atividades ao longo dos anos, com usinas hidrelétricas e ferrovias e portos para escovar sua produção (G1, 31/1/19)