Venda de soja do Brasil patina com produtor à espera de preço mais alto
Com a colheita no início, a comercialização antecipada da safra de soja 2017/18 do Brasil seguia com lentidão e atingia apenas 29,8 por cento da produção prevista até 5 de janeiro, de acordo com levantamento da Safras & Mercado, reflexo de produtores ainda à espera de preços mais remuneradores.
O volume é consideravelmente inferior na comparação com os 34,4 por cento de igual período do ano passado e com os 38,2 por cento da média para a época do ano, além de representar avanço de somente 3,1 ponto percentual desde 8 dezembro, quando a consultoria divulgou seu levantamento anterior.
“Isso vem ao longo de todo o ano passado. Tivemos um 2017 de preços em queda, por diversos fatores, principalmente (Bolsa de) Chicago e dólar. Chicago trabalhou em nível mais baixo, e o produtor atrasou a negociação, porque estava esperando que os preços reagissem”, explicou Luiz Fernando Roque, consultor da Safras.
O contrato para março na CBOT, que chegou a quase 10,50 dólares por bushel em julho do ano passado, escorregou para perto de 9,60 dólares agora, pressionado pela ampla oferta mundial.
Para o consultor, “o produtor está esperando o clima, apostando que o La Niña vai trazer problemas”, principalmente na Argentina, de modo que os preços da oleaginosa voltem a reagir.
Especialistas ouvidos pela Reuters nesta segunda-feira disseram que as chuvas em excesso e a nebulosidade em áreas produtoras de soja do Brasil começam a levantar preocupações, em especial com o fungo da ferrugem.
Roque, contudo, avalia que essa condição climática ainda é incapaz de provocar perdas, de modo que Brasil caminha para ter uma “safra cheia” --em recente pesquisa da Reuters sobre a temporada deste ano, a Safras figurou como a consultoria mais otimista, estimando produção recorde de 114,56 milhões de toneladas.
Segundo o consultor, as vendas da safra de soja deverão crescer nas próximas semanas, com o desenrolar da colheita.
“O produtor está menos capitalizado neste ano, vai precisar colocar dinheiro no bolso e vai ser obrigado a vender a preços mais baixos”, caso estes não subam, concluiu Roque (Reuters, 8/1/18)