Volta da China ao mercado eleva preço do algodão
A China está ressurgindo como grande país importador de algodão dos Estados Unidos após anos de aposta na formação de estoques da fibra. Informações do "The Wall Street Journal" mostram que essa mudança de postura, aliada às más condições de desenvolvimento das lavouras no Texas, fez com que os preços do algodão subissem ao maior patamar em seis anos na bolsa de Nova York.
A nação mais populosa do mundo acaba de comprar contratos futuros equivalentes a cerca de 400 mil toneladas de algodão americana para entrega na safra 2019/20, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Isso é o suficiente para a confecção de 400 milhões de camisetas. A China nunca comprou tanto algodão dos EUA com tanta antecedência, levando-se em conta dados desde 1998.
"É muito incomum ter tanto volume nos livros de vendas da bolsa", afirmou Peter Egli, gerente de risco da Plexus Cotton.
O retorno da China ao mercado global de algodão provavelmente significará um período de cotações mais elevadas para a fibra. É também um alívio para os produtores americanos, que há muito trabalham sob pressão dos estoques da China, responsável por metade das compras globais.
Na semana passada, os chineses confirmaram que pretendem elevar os volumes de importação de algodão, e a notícia reavivou o interesse de investidores nesse mercado. Em Nova York, os papéis com vencimento em julho chegaram a 94,94 centavos de dólar por libra-peso na sexta-feira, o nível mais alto para um contrato de primeira posição de entrega desde fevereiro de 2012. Ontem, o contrato registrou queda de 19 pontos na bolsa, para 94,75 centavos de dólar. Já os papéis com vencimento em outubro fecharam a 92,58 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 108 pontos em Nova York.
De acordo com analistas, as reservas estratégicas chinesas de algodão devem ficar baixas até o fim de agosto. O Ministério da Agricultura da China informou, em seu relatório mensal de maio, que o governo deverá continuar a vender seus estoques no ciclo 2018/19. Com isso, a oferta doméstica de fibra de alta qualidade deverá continuar insuficiente e as importações de algodão tendem a aumentar.
Há oito anos, a decisão da China de acumular estoques de algodão elevou os preços da fibra para US$ 2 a libra-peso na bolsa de Nova York, levando muitas beneficiadoras à falência em diversos países e valorizando as fibras sintéticas, normalmente mais baratas. Muito acima do patamar atual, mas a distância está diminuindo (Dow Jones Newswires, 12/6/18)