Waack: Fisco arrecada como nunca; dívida cresce como sempre William Waack
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A armadilha criada pelo próprio Lula 3 garantiu, nesses dois anos de governo, que os gastos sempre subissem mais do que a receita.
Por William Waack
O governo Lula 3 cumpriu uma de suas mais importantes promessas e comemorou nesta terça-feira o “recorde dos recordes” em arrecadação.
O Fisco ficou com R$ 2,65 trilhões no ano passado — algo nunca visto desde que se iniciou esse tipo de estatística, há trinta anos. A arrecadação federal subiu quase 10% no ano passado em relação ao ano anterior, já descontada a inflação.
Mesmo assim, esse recorde de arrecadação não vai evitar déficit nas contas públicas. Ou seja, Lula 3 está e vai continuar gastando mais do que arrecada.
O recorde de arrecadação é resultado do aquecimento da economia — principalmente o consumo — e de alguns itens, como taxação de fundos offshore e fundos exclusivos aqui. Já o déficit nas contas públicas é resultado de uma promessa não cumprida: a de equilibrar as contas limitando o crescimento dos gastos.
Ao contrário, a armadilha criada pelo próprio Lula 3 garantiu, nesses dois anos de governo, que os gastos sempre subissem mais do que a receita. Em parte, isso ocorreu devido à política em relação ao salário mínimo e ao atrelar despesas obrigatórias ao próprio crescimento da receita.
Especialistas nas contas públicas estão preocupados com o fato de que algumas receitas que levaram ao recorde não são recorrentes — isto é, podem ou não se realizar novamente — e com o uso de manobras parafiscais e metodologias controversas (como excluir algumas despesas), que mascaram um déficit ainda maior. Fato ilustrado pelo crescimento constante da dívida pública.
Ficamos assim, então: o Fisco arrecadou como nunca, e a dívida pública cresceu como sempre (CNN Brasil, 28/1/25)