23/04/2024

Zerar desmatamento e recuperar pastagens são desafio para reduzir emissões

Zerar desmatamento e recuperar pastagens são desafio para reduzir emissões

Mauro Lúcio Costa em área reflorestada em sua fazenda Foto Estadão

Na propriedade, produtividade média anual é de 5 animais por hectare; média brasileira é de 1,1. O pecuarista foi um dos responsáveis pela implementação do projeto Município Verde. 

 

Paragominas (PA) é exemplo de que é possível ter uma pecuária ‘verde’, que ainda aumenta produtividade das fazendas..

Com pouco mais de 100 mil habitantes, Paragominas, a 300 km ao sul de Belém, é um centro vibrante da produção agropecuária brasileira. Lojas de produtos voltados ao setor, que incluem estabelecimentos especializados em drones para uso nas lavouras, se enfileiram pelas ruas da cidade.

Durante o verão amazônico – de julho a outubro, quando as temperaturas se aproximam dos 40ºC e a chuva cessa –, o cenário não remete ao imaginário que se tem da floresta. É época de vazio sanitário, e a soja não pode ser cultivada, uma regra criada para evitar que o fungo causador da ferrugem-asiática se multiplique pelas lavouras. Terrenos secos e sem vida, apenas emoldurados pela vegetação verde da mata tropical ao fundo, compõem a vista que se tem nos arredores da cidade.

Ainda que a paisagem seja essa, Paragominas é conhecida como “município verde”, uma alcunha que, dependendo do período da história da cidade, pode ou não fazer sentido. Em 2008, após ter entrado na lista das cidades que mais desmatavam a Floresta Amazônica e seus produtores rurais, consequentemente, ficarem sem acesso a linhas de crédito, Paragominas criou o Projeto Município Verde.

A experiência de Paragominas é até hoje, 15 anos depois, o principal exemplo de que o Brasil pode reduzir suas emissões, aumentar a produtividade e alavancar a economia ao mesmo tempo. O que Paragominas fez no fim da década de 2010 deixou claro que, com vontade política e envolvimento da sociedade civil, o País tem como reverter seu maior problema ambiental – a emissão de gases decorrente do desmatamento.

agropecuária é tida como a grande vilã do efeito estufa no Brasil, sendo responsável por 26,6% das emissões de gás carbônico equivalente (medida que expressa a quantidade de gases de efeito estufa em termos equivalentes à quantidade de dióxido de carbono). A atividade aparece depois das chamadas “mudanças do uso da terra”, que emitem 48,3% dos gases no País. O problema é que as mudanças do uso da terra estão quase sempre relacionadas também à pecuária, pois com frequência envolvem desmatamento para dar espaço à produção de gado. Em muitos casos, entretanto, o gado é usado apenas para dar uma aparência de produtividade a uma área que foi invadida e devastada por grileiros.



 

O plano de Paragominas, que revolucionou a reputação da cidade e provou ser possível conciliar a redução da emissão de gases com o desenvolvimento econômico, foi encabeçado pelo então prefeito, Adnan Demachki, com o apoio do presidente do sindicato rural da cidade à época, Mauro Lúcio Costa. O projeto previu campanhas ambientais, parcerias com ONGs, monitoramento por satélite do desmatamento, cadastro das propriedades rurais e a assinatura de um grande pacto contra o desmatamento em que mais de 30 entidades civis e o setor público se comprometiam a preservar a floresta da região.

“Peguei os formadores de opinião da cidade e pedi para todos trabalharem pelo projeto. Eles concordaram. Argumentamos que, se não parássemos o desmatamento, ia doer no bolso de todos, porque o pessoal ia ficar sem financiamento. Mas também falei que era uma vergonha o município estar nos jornais todo dia como exemplo negativo”, diz o ex-prefeito.

Um ano após o início do projeto, a cidade diminuiu a destruição da floresta em 44% e, em dois, deixou a lista das maiores desmatadoras. Em 2010, o município recebeu o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente.

O Projeto Município Verde se tornou conhecido globalmente. Por liderar esse trabalho, Demachki foi eleito uma das cem personalidades mais influentes do Brasil em 2011 pela revista Época, e Costa estampou reportagens de jornais do Brasil e do exterior, como o Wall Street Journal, sobre como é possível aliar pecuária à preservação da maior floresta tropical do mundo.

Parque em Paragominas criado durante o projeto Município Verde. Foto Daniel Teixeira Estadão

 

A experiência do Município Verde provou que é possível aumentar a produção de gado sem desmatar. Isso porque a produtividade da pecuária brasileira é baixa. A média no País é de 1,1 unidade animal (o equivalente a 450 kg de boi vivo) por hectare. Em Paragominas, na fazenda de Mauro Lúcio da Costa (o ex-presidente do sindicato rural), esse número chega a 5. Na de Vinicius Scaramussa, colega de Costa, a média alcança 3,8, com picos de 7,2 unidades por hectare.

Costa e Scaramussa participaram do projeto Pecuária Verde, criado pelo sindicato, concomitantemente ao Município Verde. Nele, seis fazendeiros tiveram o acompanhamento de professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) para aumentar produtividade e preservação ambiental ao mesmo tempo.

Quando o projeto começou, a propriedade de Scaramussa foi mapeada por satélites e verificou-se que havia Área de Preservação Permanente (APP) degradada. A APP foi, então, cercada para que o gado não entrasse mais, e a natureza fosse recuperada.

O produtor instalou bebedouros para os animais percorrem distâncias menores para se hidratar e restaurou a pastagem. Para isso, fez uma análise nutricional do solo e adubou parte do pasto. Também passou a rotacionar o gado para que o pasto não fosse pisoteado pelos animais. Com o pasto bem cuidado, o gado engorda mais rápido, e a vegetação passa a reter mais carbono através de suas raízes.

O resultado: a produção aumentou e a área de preservação ambiental também. Antes, ele tinha 2.200 hectares de área aberta na fazenda e 2.200 animais, ou seja, um por hectare. Hoje, são 3.000 animais em 1.550 hectares; no inverno, chegam a ser 4.500 cabeças. Os animais também estão engordando mais em períodos mais curtos. Pesado, um boi equivale a mais de uma “unidade animal” – daí a produtividade anual média de 3,8 unidades por hectare.

Fazenda da família Scaramussa, que chega a ter 7,2 unidades animais por hectare em períodos de pico. Fotos Estadão

Vinicius Scaramussa diz não adubar o pasto de toda a fazenda por não conseguir comprar mais gado para colocar na propriedade

Bebedouros foram instalados em diversos pontos para animais se deslocarem menos; ao fundo, área de floresta preservada

Gado chega ao peso de abate mais rapidamente na fazenda da família e, assim, libera menos gases

Os bois de Scaramussa são abatidos mais rapidamente que a média brasileira. Em 32 meses, eles chegam ao tamanho adequado para serem encaminhados aos matadouros. No País, costumam ser 48 meses. Engordando em períodos mais curtos, os animais também emitem um menor volume de gases – a liberação de gases resultantes da digestão dos ruminantes, a chamada fermentação entérica, é responsável por 65% das emissões de gás carbônico equivalente da agropecuária



 

Scaramussa destaca, no entanto, que mesmo em Paragominas não há muitas propriedades que adotam técnicas de aumento de produtividade. “Você não pode pensar que a pecuária verde é o normal. O pessoal é resistente e, quando falo nossos números (de produtividade), me chamam de mentiroso.”

Pasto no Brasil: degradação chega a 60%

Não é só em Paragominas que as técnicas são pouco utilizadas, mas em todo o País. Prova disso é que o Brasil tem hoje 177 milhões de hectares de pastagem. Desse total, 60% têm algum grau de degradação, ou seja, precisam passar por um trabalho de recuperação.

Degradado, o pasto tem baixo nível de nutrientes e, portanto, de produtividade. Em pouco tempo, acaba sendo abandonado, e o produtor desmata novas áreas para colocar seu gado. O engenheiro agrônomo Moacyr Bernardino Dias-Filho, da Embrapa, calcula que, para cada hectare de pastagem recuperado, deixa-se de desmatar pelo menos dois hectares de floresta.

Entre 2010 e 2020, foram recuperados 26,8 milhões de hectares – o governo havia estabelecido uma meta de 15 milhões de hectares dentro do Plano ABC, um dos principais instrumentos de política agrária brasileira para a promoção da sustentabilidade. Até 2030, o objetivo é recuperar outros 30 milhões, de acordo com as metas estabelecidas no Plano ABC+.

Por ora, não é possível saber se o País está avançando na velocidade adequada. Não há um sistema de monitoramento público disponível. O diretor de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Bruno Brasil, no entanto, afirma que o governo vai lançar uma plataforma com os dados até 2022 ainda neste semestre.

“Você não pode pensar que a pecuária verde é normal. O pessoal é resistente para adotar medidas de aumento de produtividade”, afirma Vinicius Scaramussa, produtor rural.

Professor da Esalq e técnico do projeto Pecuária Verde, Ricardo Ribeiro Rodrigues afirma, entretanto, que faltam políticas públicas no País para que as técnicas de aumento de produtividade se espalhem entre os pecuaristas brasileiros, reduzindo a degradação do pasto e, portanto, o desmatamento. “A produtividade nunca foi incentivada na pecuária. Mas mostramos, no projeto, que é possível triplica-la. Se houver adoção dessas técnicas em grande escala, vamos liberar área para outros cultivos e para regularização ambiental”.

Para Rodrigues, é essencial criar um projeto que faça as técnicas chegarem aos pequenos pecuaristas e ampliar o acesso a financiamento. “É caro adotar as técnicas, pagar adubo e comprar gado. Precisa dar carência no crédito, porque aí o produtor consegue pagar depois que tiver o aumento de produtividade.” Segundo ele, o rendimento da pecuária tecnificada chega a R$ 2 mil por hectare, enquanto a média fica ao redor de R$ 350.

Na visão do coordenador do Observatório do Clima e do Mapbiomas (iniciativa que mapeia o uso da terra no País), Tasso Azevedo, também é preciso retirar subsídios, como taxas de juros inferiores às de mercado, de atividades que desmatam legalmente. Hoje, bancos costumam não dar financiamentos apenas para projetos desenvolvidos em áreas onde houve desmatamento ilegal. “Não é do interesse do País desmatar novas áreas. Alguém pode até desmatar legalmente, mas sem subsídio”, diz.

Segundo Azevedo, se o crédito fosse proibido a propriedades rurais do País onde houve desmatamento legal entre 2019 e 2022, apenas 3% perderiam acesso aos recursos. “É uma medida importante que afetaria poucos.” O engenheiro florestal sugere ainda que haja, através do Plano Safra, uma concessão de crédito com taxas ainda mais baixas para quem preservar a floresta. “Se você tem um excedente de reserva legal, você pode ter um desconto a mais no financiamento agrícola.”

O próprio Scaramussa afirma que não investe em toda a fazenda como gostaria por falta de capital para comprar gado. “Não adubo o pasto de toda a fazenda, porque não conseguiria comprar mais gado para colocar.”

O ex-presidente do sindicato de Paragominas, Mauro Lúcio Costa, também diz que a produtividade de sua fazenda só não é maior por não ter condições de aumentar o rebanho. Com a estrutura que tem, ele poderia colocar até dez cabeças por hectare, mas hoje tem cinco.

Cultura agro na Amazônia



De chapéu e cinto de boiadeiro, brincos de strass pendentes até a altura dos ombros e bota de salto alto, Michele Aparecida Santana Silva comemorava seu aniversário de 18 anos no rodeio de Canaã dos Carajás, em outubro de 2023. O show da noite era o da dupla Maiara e Maraísa. A grande expectativa da jovem, no entanto, era pelo dia seguinte, quando a atração seria Iguinho e Lulinha, uma dupla sergipana de forró piseiro.

A Expo Canaã, a festa que inclui rodeio, cavalgada e show de sertanejos em Canaã de Carajás chegou em sua oitava edição no ano passado. Uma fila de pessoas esperava pelo momento de tirar uma selfie com um touro de metal, pintado de dourado, que imitava o famoso Charging Bull de Wall Street, em Nova York.

Canaã fica entre dois dos municípios com maior rebanho de gado no País: São Félix do Xingu e Marabá. Xingu está também no ranking das dez cidades com maior desmatamento no País.

Embora a região esteja dentro da área chamada de Amazônia Legal e margeando reservas indígenas, a cultura agro domina o ambiente e faz a região parecer com o interior do Texas ou do Centro-Oeste brasileiro. De helicóptero, é possível ver áreas desmatadas com gado na divisa de áreas florestais próximo a Canaã dos Carajás, no sudeste paraense. De carro, o gado em pequenas propriedades próximas às estradas. Lojas de produtos agropecuários são a maioria no comércio das ruas do centro da cidade.


Nas últimas duas décadas, Canaã dos Carajás cresceu devido à exploração de minerais e da chegada da Vale, uma das principais empregadoras do local. Mas não é com minério que Michele e sua amiga Carla, estudantes, pretendem trabalhar. Tampouco com bioeconomia ou profissões ligadas à floresta. A ambição das duas jovens é lidar com profissões ligadas à pecuária. No caso de Michele, o plano é cursar medicina veterinária e cuidar de grandes animais. Ela conta que metade da família tem fazendas. “A maioria aqui mexe com a questão do gado”, diz ela.

TOURO NO PARQUE DO PARA Foto Daniel Teixeira Estadão

“O Estado do Pará tem um agronegócio em franco crescimento, pujante e vem a cada ano se consolidando como um Estado agro. Nos últimos dez anos, nosso rebanho teve crescimento de 6 milhões de cabeças”, afirma Jamir Macedo, diretor geral da Adepará. “Na região do Carajás e sudeste paraense encontramos a cidade com maior rebanho nacional, São Félix do Xingu, também Marabá, e observamos o maior adensamento de frigoríficos que comercializam carne para o mercado nacional e internacional. É extremamente estratégica e importante para o Estado do Pará em pecuária”, afirma Macedo.


Escolhido para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP-30, no ano que vem, o Pará tem prometido reduzir os índices de desmatamento, muitas vezes ligado à expansão da pecuária. Dos nove Estados que compõem a Amazônia Legal, o Pará é o que mais desmatou desde 1998, início da série histórica do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Entre 1998 e 2023 foram desmatados 170.046 km2 da Amazônia no Pará, o equivalente a mais de 20 campos de futebol e quase duas vezes a área de Portugal.

 

Agricultura brasileira é umas das mais avançadas no mundo

Bruno Brasil, do Ministério da Agricultura, afirma que a próxima edição do Plano Safra está em discussão com o Ministério da Fazenda e com o Banco Central. Mas, segundo ele, a premissa é facilitar crédito para práticas sustentáveis.

Se na pecuária faltam financiamento e técnicas avançadas, a agricultura brasileira é uma das mais avançadas em práticas de baixo carbono, como o plantio direto, de acordo com Azevedo. Já na pecuária, como são 7 milhões de propriedades, a maioria de pequena produção, disseminar o conhecimento acaba ficando mais difícil.

“Tem um espaço enorme para o Brasil melhorar nessa área. Mas, se tem um país que pode fazer isso é o Brasil. Para tornar a agropecuária net positiva (isto é, uma atividade que mais retira carbono do ar do que emite), não precisamos desenvolver nenhuma tecnologia.”

Além de não haver necessidade de novas tecnologias, adotar as técnicas conhecidas aumentam o rendimento do próprio produtor. Para cada US$ 1 investido na agropecuária, o produtor aumenta seus retornos em US$ 0,90, de acordo com o consultor Nelson Ferreira, sócio da McKinsey. “Mas esses US$ 0,90, ele ganha todo ano. O investimento se paga, porque a produtividade aumenta demais”, diz.

Queimada no município de Bujaru (a 85 km de Belém); devastamento da Amazônia está ligado principalmente à pecuária. Foto Daniel Teixeira Estadão

Ferreira também aponta que o Brasil é mais avançado que os EUA e a Europa em técnicas agrícolas de aumento de produtividade e redução de emissões, apesar de ponderar que o perfil da produção do País ser bastante diverso. Segundo ele, porém, as fazendas brasileiras ainda precisam avançar no uso de combustíveis alternativos. “Mas é importante ressaltar que estamos no caminho certo, mesmo porque o setor está sendo pressionado a ser mais eficiente.”

Azevedo, do Observatório do Clima, acrescenta que a mudança no patamar de devastação das florestas no País também vai na direção correta. No ano passado, o desmatamento na Amazônia diminuiu 50%.

Se mantiver esse ritmo de redução de desmatamento e as emissões dos demais setores não crescerem, o País atingiria sua meta de emissões estabelecida para 2025 (queda de 48,4% em relação a 2005). “A meta não é muito ambiciosa, porque tivemos muita emissão em 2005 por mudança do uso da terra. Mas em 2022 estávamos muito longe dela e agora não estamos”, diz Azevedo. Ele acrescenta que a redução na devastação da Amazônia no ano passado também indica ser possível chegar a um desmatamento residual até 2030.

O risco da volta do desmatamento

Paragominas é o exemplo de que alterar – e rapidamente – a trajetória do desmatamento não é impossível. Após uma década de resultados exitosos em seu projeto Município Verde, a cidade voltou a registrar índices alarmantes de devastação da Amazônia. Entre julho de 2021 e agosto de 2022, a cidade perdeu 47 km2 de floresta, isto é, 7 km2 a mais do limite para que o desmatamento seja considerado sob controle pelo governo federal.



 

Segundo a secretária do Verde e do Meio Ambiente da cidade, Amanda Purger, o desmatamento ultrapassou o limite após o governo de Jair Bolsonaro autorizar a supressão de 11 km2 de floresta de um assentamento. O município, porém, teve, no mesmo período, outros 12,4 km2 de desmatamento legal no períodos e 22,6 km2 de ilegal.

Pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e um dos técnicos do projeto Município Verde, Paulo Amaral afirma que a devastação recente da floresta na região acompanhou o ritmo de aumento do desmatamento no País. Ele pondera, porém, que o desafio agora é controlar o desmatamento em propriedade pequenas – na década passada, as atividades ilegais se concentravam nas grandes.

A secretária do Meio Ambiente destaca que a prefeitura vem adotando medidas para que esses números voltem a cair, como multar propriedades que desmatam. Entidades também voltaram a assinar um pacto, dessa vez para que o município zere as emissões líquidas e o desmatamento ilegal até 2030.

“Não nos assustamos com os números de 2022 porque vemos que eles já voltaram a cair e muito por causa do projeto Paragoclima, que é a continuação do Município Verde”, diz a secretária.

Secretária do Verde e do Meio Ambiente de Paragominas, Amanda Purger afirma que prefeitura vem adotando medidas para frear o desmatamento. Foto Daniel Teixeira Estadão

 

Para Mauro Lúcio Costa, presidente do sindicato rural da cidade, quando o Município Verde foi criado, houve, nos últimos anos, um “emburrecimento” da sociedade, que passou a ver as pessoas como ruralistas ou como ambientalistas e deixou a preservação da floresta no meio dessa disputa política. De acordo com ele, a população de Paragominas também se “descuidou” após anos de sucesso do programa de preservação ambiental.

“As pessoas relaxaram. Mas o que Paragominas sabe fazer é reverter. Já revertemos uma vez começando de uma situação muito pior que a atual. Agora temos mais conhecimento e condição do que tínhamos em 2008. É só o pessoal acordar.”

Entre agosto de 2022 e julho de 2023, o desmatamento na cidade foi de 31,6 km2, uma queda de 32,8% na comparação com os seis meses anteriores (Estadão, 19/4/24)