02/07/2025

Zilor sai de prejuízo para lucro em 2024/25 e projeta crescimento

Zilor sai de prejuízo para lucro em 2024/25 e projeta crescimento

Andre Inserra, da Zilor: receita da empresa, de R$ 3,7 bilhões, foi recorde — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

 

 

Receita da empresa cresceu 6,6%, para R$ 3,7 bilhões; montante é recorde.

 

Maior acionista da Copersucar, a Zilor deu um “salto” em sua estratégia corporativa na safra passada (2024/25). O movimento incluiu a venda do controle do negócio de ingredientes especiais, a compra de uma usina e a contratação de um CEO de mercado, iniciativas que garantiram uma receita recorde e lucro no fim do ciclo, um ano depois de a empresa ter tido prejuízo.

 

O ganho na safra 2024/25 foi de R$ 36 milhões. O resultado positivo deveu-se aos preços favoráveis do açúcar e à estratégia de maximizar a produção da commodity em detrimento do etanol, mesmo com a quebra de safra decorrente da seca histórica de 2024.

 

A receita líquida, a maior da história da empresa, foi de R$ 3,7 bilhões, um montante 6,6% maior do que o do ciclo anterior. A moagem de cana, por sua vez, recuou 7,4%, a 10,6 milhões de toneladas. O resultado contou com a contribuição de quatro meses de operação da Usina Salto Botelho, em Lucélia (SP), que a Zilor comprou por R$ 600 milhões do fundo Amerra. Não entraram nas contas os R$ 665 milhões da venda de 70% da Biorigin ao grupo francês Lesaffre — o valor só entrou no caixa em maio.

 

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 5%, para R$ 1,1 bilhão. O ganho ficou acima da previsão dos acionistas, diz André Inserra, que assumiu a presidência da companhia no último trimestre da temporada, após construir sua carreira em multinacionais industriais.

 

A contratação de Inserra é um marco de transição na história da Zilor, que em seus 79 anos sempre foi administrada por membros da família controladora. “Os acionistas me chamaram e disseram que, pelo meu histórico, querem que a empresa cresça”, conta. O CEO está agora elaborando um novo plano estratégico, que deve prever tanto crescimento orgânico quanto via aquisições de usinas ou de negócios que tenham sinergia com a atuação da Zilor.

 

É fato que o atual cenário de taxa de juros impõe cautela, mas não limita investimentos cruciais, como em cana. “A questão dos juros é central mais para crescimento inorgânico ou um negócio novo”, afirma o executivo.

 

O principal esforço de curto prazo agora é fazer com que as operações da Salto Botelho estejam no “mesmo padrão” das outras usinas da Zilor. Segundo Inserra, a companhia está aproximando o trabalho das equipes da usina adquirida e da usina em Quatá, que formam agora um novo “cluster”. A Usina Salto Botelho, que tem capacidade para 1,5 milhão de toneladas, é 50% abastecida por cana de fornecedores, e tem a gestão do restante. Nas outras duas usinas, os fornecedores são 60% de cana processada.

 

Inserra quer elevar logo a moagem do grupo para sua capacidade, de 14 milhões de toneladas por safra. Após uma geada em maio e chuvas acima da média em junho, a companhia não deve atingir a meta na safra atual (Globo Rural, 1/7/25)